Quais os efeitos da covid-19 na saúde do Planeta? E qual o papel da mobilidade elétrica nesta nova realidade? Estes foram os tópicos dominantes da primeira edição das “Tertúlias Elétricas”, organizada pela Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), em formato online, e que teve como convidado Francisco Ferreira, presidente da associação Zero. Henrique Sánchez, presidente da UVE, lançou o repto, ao afirmar que a pandemia é um “cartão amarelo mostrado pela natureza ao ser humano”. E deixou um alerta. “O próximo poderá ser um cartão vermelho”. Francisco Ferreira concordou com a visão. “Esta crise é um convite à reflexão”. E acrescentou. “Cada um de nós deve alargar o seu horizonte”, até porque a “qualidade do ar e do ruído”, atualmente, é a melhor registada “neste século”, afirmou.
Eletrificação em marcha
O responsável da UVE acredita que, neste contexto, os veículos elétricos (VE) são uma componente importante, nomeadamente, nas zonas urbanas”. Segundo defende, esta é a altura certa para “investir” em veículos e transportes não poluentes, tanto “particulares, como coletivos”. Portugal é, hoje em dia, “o quarto país da Europa com a maior quota de VE e o sétimo a nível mundial, incluindo os plug-in”, disse Henrique Sánchez, não deixando, porém, de frisar a necessidade de apoiar mais os incentivos aos particulares para a compra de VE.
O presidente da Zero não discordou. “Era fundamental deixar de haver quotas para a aquisição. Neste momento, 423 candidaturas foram aceites. Estamos ainda no início do ano e já temos mais de metade das candidaturas aceites”, lamentou. Francisco Ferreira realçou ainda a campanha a internacional, em curso, para eletrificação das frotas de veículos ao serviço das TVDE (veículos de transporte individual e remunerado de passageiros), como, por exemplo, a Uber, a Bolt, a Cabify ou a Kapten. “São veículos que fazem muitos quilómetros e é crucial que a sua pegada ambiental seja reduzida, apesar de serem, na maior parte das vezes, modelos recentes. Tem havido uma forte mobilização dos governos, das cidades e das próprias companhias das TVDE”, explicou. Henrique Sánchez foi mais longe e sugeriu que também os táxis sejam elétricos. Francisco Ferreira é da mesma opinião, mas admite que, nesse setor, o “processo seja mais longo”. Em 2020, entraram em vigor as restrições europeias que limitam em 95 g/km as emissões de CO2 dos novos modelos lançados no mercado. Uma medida que, apesar do contexto da covid-19, Henrique Sánchez considera que deverá ser mantida. “Os fabricantes têm de se comprometer em acelerar a produção de VE e em colocá-los à venda”, disse. E o presidente da Zero rematou. “Compreendemos que possa haver um ligeiro atraso, mas acredito que, a longo prazo, as regras sejam ainda mais rigorosas”.