A Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN) revelou estar “indignada” com a limitação dos incentivos fiscais aos veículos híbridos e híbridos plug-in, aprovada no Orçamento do Estado para 2021, com aquela associação a classificar mesmo a proposta de “fundamentalista”.

A proposta foi apresentada pelo PAN em discussão no Parlamento, tendo sido aprovada apesar dos votos contra do PSD, PCP, CDS e Iniciativa Liberal (além da abstenção do Chega), prevendo a limitação dos incentivos fiscais até aqui atribuídos aos híbridos que não cumpram uma série de critérios de eficiência.

Demonstrando-se “indignada” com a aprovação desta medida, a ARAN entende que a mesma “provocará fortes prejuízos no setor automóvel” e que o Orçamento do Estado “ficou péssimo” para o setor.

“Este é um Orçamento mau para o setor que ficou péssimo para garantir a sua aprovação. Esta é uma medida que parece preferir um parque automóvel antigo e mais poluente. O Governo está a destruir um setor para garantir votos de apoio no Orçamento de Estado”, afirma Rodrigo Ferreira da Silva, Presidente da ARAN, que critica a proposta “fundamentalista” do PAN.

O mesmo responsável acrescenta que “este é um retrocesso nas metas ambientais estabelecidas pelo Governo. A aprovação desta proposta são vários passos atrás na estratégia do Governo, com um impacto muito negativo no setor automóvel. Os veículos híbridos representam 50% das vendas de algumas marcas, que investiram muito no desenvolvimento destes produtos. Neste momento há milhares veículos encomendados que as empresas terão muitas dificuldades em vender. Assim como vai prejudicar os proprietários que adquiriram veículos híbridos e agora questionam o investimento”.

A ARAN vem assim contestar a proposta aprovada pelo PS, Bloco de Esquerda e PAN no Parlamento que corta um dos poucos apoios que existiam para o setor automóvel.

“Esta proposta está a hipotecar a pegada ambiental, pois o parque automóvel nacional está muito envelhecido e com o incentivo à aquisição de veículos híbridos estava a ser promovido um investimento em veículos mais amigos do ambiente. Sem esquecer o maior risco de sinistralidade, pois os veículos com mais idade são menos seguros. Ora esta proposta vem contrariar todo o investimento que estava a ser realizado a este nível. Está a ser esquecida a importância que os carros híbridos têm na redução da poluição nos centros das cidades, designadamente nos períodos de “para arranca” nas horas de maior transito, com emissão de poluição, muito prejudiciais para os peões”, defende Rodrigo Ferreira da Silva.

A ARAN apela, por isso, ao retrocesso desta proposta, que alinhada com a redução de impostos aos veículos usados importados acentuará as dificuldades económicas do setor, assim como o envelhecimento do parque automóvel com a idade média de 12,7 anos, a mais alta de sempre.