Aviação “verde”: consórcio europeu tem envolvimento português. Hipótese hidrogénio está a ser explorada

25/01/2023

Híbridas, ultra-eficientes ou movidas a hidrogénio, estas são as características das aeronaves que irão cruzar os céus em 2050. O caminho para esta aviação verde já começou a ser trilhado, com a participação de três entidades portuguesas no projeto HERA.

 

ISQ, INEGI e Almadesign são três entidades portuguesas a participar num ambicioso projeto da União Europeia no setor da aviação em matéria de neutralidade carbónica. Trata-se do projeto HERA – Hybrid-Electric Regional Architecture, que tem como objetivo a definição do conceito e arquitetura-chave de uma aeronave regional híbrido-elétrica, assim como a identificação e desenvolvimento das tecnologias necessárias para satisfazer a meta estabelecida de redução de 50% das emissões de gases com efeito de estufa.

A cerimónia de apresentação do HERA decorre esta semana em Nápoles, um projeto com financiamento de 35M€ que terá a duração de 48 meses e que poderá reduzir a pegada ambiental até 90%.

Coordenado pela empresa Leonardo, o HERA conta com a AIRBUS, DLR, Fraunhoffer, Honeywell, ONERA, Rolls Royce, Siemens, Safran, Thales, entre outros parceiros internacionais num total de 48 instituições do setor da aviação, incluindo universidades.

PORTUGAL ESTÁ REPRESENTADO NO PROJETO PELO ISQ, INEGI E ALMADESIGN.

O HERA está integrado no Programa Clean Aviation da Comissão Europeia. “No fundo, estamos a falar dos novos paradigmas europeus orientados para a neutralidade carbónica até 2050 que têm o Clean Aviation como principal instrumento de inovação para o setor da aviação. Híbridas, ultra-eficientes ou movidas a hidrogénio, estas são as características das aeronaves que se preparam para cruzar os céus já em 2050 e o caminho para lá chegar já começou a ser trilhado. Em causa está o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e disruptivas que permitam uma aviação sustentável, contribuindo para um setor mais amigo do ambiente e da sociedade em geral”, refere o ISQ.

No caso, a aeronave HERA, com uma dimensão de aproximadamente 50-100 lugares, operará na mobilidade aérea regional e de curto alcance em meados de 2030, em distâncias de menos de 500 km (ligações regionais interurbanas).

Incluirá propulsão híbrido-elétrica baseada em baterias ou células de combustível como fontes de energia suportadas por SAF (Sustainable Aviation Fuel) ou combustão de hidrogénio para a fonte térmica, por forma a atingir até 90% de emissões mais baixas.

“Entre as tecnologias e configurações inovadoras a desenvolver destacam-se a distribuição elétrica à escala de alta tensão MW, gestão térmica, novo design de asa e fuselagem, bem como nova propulsão híbrido-elétrica e novo armazenamento relacionado com baixas emissões de gases de efeito de estufa”, explica o ISQ.

O ISQ acrescenta que, com a entrada em serviço da aeronave HERA será necessário interagir com novas infraestruturas aeroportuárias baseadas em novas fontes de energia renováveis, que serão igualmente desenvolvidas no projeto.

“O ISQ participará com o seu conhecimento e experiência no desenvolvimento, simulação e teste de compatibilidade eletromagnética da instalação elétrica da aeronave. Fará ainda testes de validação da instalação na vertente de armazenamento e distribuição de hidrogénio tanto na aeronave como na infraestrutura aeroportuária, e ainda na definição/conversão do layout do aeroporto por forma a permitir uma operação segura e eficiente da aeronave regional híbrido-elétrica”, aponta o Instituto.