O estudo publicado por investigadores de uma universidade australiana utiliza a química do enxofre para tornar as baterias de iões de lítio mais baratas, ecológicas e leves, ao mesmo tempo que se tornam viáveis para uma utilização em navios e aviões.
A pomada antisséptica doméstica utilizada durante décadas para cobrir os joelhos raspados foi a inspiração da equipa da Universidade Monash. O iodo presente nas soluções antisséticas foi utilizado para conseguir um passo transformador na tecnologia de baterias.
Os investigadores foram apoiados pela força aérea norte-americana e já montaram uma start-up para avançar comercialmente com o projeto, estando atualmente à procura de investidores de referência.
“Imagine um veículo elétrico que pode viajar de Melbourne a Sydney com uma única carga ou um smartphone que carrega em minutos – estamos prestes a tornar isso uma realidade”, disse o coautor principal do artigo, Petar Jovanović, ao The Driven.Os investidores afirmam ter resolvido os problemas das baterias de lítio e enxofre (Li-S), que sendo promissoras pelas suas propriedades de densidade energética, têm uma química complexa que as torna lentas no carregamento e com uma rápida degração.
Ao utilizarem o iodo presente nas soluções antisséticas, os investigadores afirmam ter resolvido o problema e dado um passo transformador na tecnologia das baterias.
“Isto representa um grande avanço no sentido de tornar o Li-S uma opção viável não apenas para veículos elétricos de longo curso, mas particularmente em indústrias como a aviação e a marítima, que requerem energia rápida e confiável que é crucialmente leve.”
Num carro elétrico, Jovanović afirma que as baterias Li-S tratadas com iodo podem percorrer mais 1000 quilómetros com uma única carga, reduzindo também o tempo de recarga.
“O nosso catalisador melhorou significativamente o desempenho da taxa C das baterias Li-S, demonstrado nas primeiras células protótipo de prova de conceito. Com uma escala comercial e uma maior produção de células, esta tecnologia poderá fornecer densidades de energia até 400 Wh/kg”.
“Isto torna-a adequada para aplicações que exijam um desempenho dinâmico, como a aviação, em que as baterias têm de suportar taxas C elevadas durante a descolagem e mudar eficientemente para taxas C baixas durante o cruzeiro”, afirma Majumder.
“As baterias Li-S são também uma alternativa mais ecológica aos materiais utilizados nas baterias de iões de lítio tradicionais, que dependem de recursos limitados e muitas vezes prejudiciais para o ambiente, como o cobalto.”
Entretanto, a equipa de investigação continua a aperfeiçoar os novos aditivos que prometem acelerar ainda mais os tempos de carga e descarga, juntamente com métodos que reduzem a quantidade de lítio necessária.
“À medida que a procura de baterias de alto desempenho aumenta, o investimento em tecnologia de ponta terá benefícios a longo prazo para a criação de emprego e o crescimento económico.”