BMW avisa sobre a invasão chinesa: A tempestade perfeita

08/09/2023

A BMW relança o alerta sobre as consequências da proibição da venda de veículos novos com motores de combustão e o avanço dos fabricantes chineses.

Depois de várias ameaças, os construtores chineses estão a invadir a Europa, prova-o, por exemplo, a quantidade enorme de representantes na edição deste ano do Salão Automóvel de Munique, o IAA, a decorrer até 10 de setembro. Uma guerra que está apenas no início, mas que, segundo a BMW, certamente os europeus não irão vencer…

Oliver Zipse, CEO do consórcio alemão, revelou em entrevista ao Financial Times que é urgente a mobilização da indústria e das autoridades comunitárias para combater a situação de desproteção em que se encontram as marcas europeias, especialmente as ditas generalistas que competem pelo preço.

“Não estou preocupado com a BMW”, explicou, considerando que a sua empresa não é afetada pelas guerras de preços que já estão a pressionar as margens de muitos fabricantes de automóveis na China, e confirmando que o setor premium está mais protegido contra a chegada de carros e marcas chinesas, já que estas “estão mais focadas em vender carros baratos”. Contudo, Zipse diz não ter dúvidas que os restantes fabricantes vão passar por momentos muito difíceis.

E com a democratização do automóvel elétrico, área em que os fabricantes chineses estão décadas à frente no desenvolvimento e nas vendas, a vantagem destas empresas asiáticas sobre as europeias cresce mais a cada mês, com políticas de produção e preços que os construtores europeus não conseguem alcançar. Cenário que só agravou com a decisão da UE de proibir a venda de carros com motores de combustão interna a partir de 2035, comenta o CEO da BMW.

Para Oliver Zipse, “esta proibição já está a empurrar os fabricantes europeus de carros mais baratos para uma guerra de preços com os seus rivais chineses que provavelmente não vencerão”.

“Abaixo dos 41.000 dólares há uma concorrência feroz: a maioria dos novos concorrentes entra nesse segmento do mercado”, afirma o CEO da BMW, garantindo que a marca alemã compete acima desses valores. Porém, segundo este responsável, marcas como a Volkswagen estão já a enfrentar as consequências da ascensão das marcas chinesas, nomeadamente perdendo para a BYD a liderança das vendas na Ásia.

O CEO da BMW alerta ainda para a falta de acesso que haverá nos próximos anos às matérias-primas necessárias ao fabrico de baterias, problema que os fabricantes chineses irão sentir em muito menor grau. A tempestade perfeita, avisa Zipse.