Teste BYD Atto 3: Desconhecido quase perfeito

22/08/2023

BYD é o acrónimo de Build Your Dreams, uma frase que está bem visível na porta traseira do ATTO 3 que, até ver, é a porta de entrada na gama BYD em Portugal.

 

É mais uma marca chinesa, mas não é uma marca chinesa qualquer. A BYD é o maior construtor de veículos elétricos do mundo e é também um dos maiores fabricantes globais de baterias. Em 2022 vendeu mais de 900 mil veículos, todos 100% elétricos, sobretudo no mercado chinês e na primeira metade deste ano já colocou nas estradas mais de 1,2 milhões de elétricos e híbridos plug-in.

BYD é o acrónimo de Build Your Dreams, uma frase que está bem visível na porta traseira do ATTO 3 que, até ver, é a porta de entrada na gama BYD em Portugal. Trata-se de um SUV médio (segmento C) concebido na Europa, com dimensões relativamente generosas e um design que, nas palavras da marca, é “uma fusão de cultura chinesa e preferências europeias”. Se esta frase parece descrever com exatidão as linhas exteriores, não será tanto verdade para o interior, que surge com forte influência oriental.

O ATTO 3 é o primeiro BYD assente sobre a nova base e-Platform 3.0 e alimenta-se através de uma bateria em lâmina – em vez dos tradicionais elementos cilíndricos -, livre de cobalto e recorrendo a um composto de lítio ferro-fosfato (FFP) como cátodo. A marca chinesa garante que a densidade energética e sobretudo a segurança estão muito acima das tradicionais baterias de iões de lítio.

A bateria de 60,48 kWh assegura uma autonomia de 420 km em ciclo combinado WLTP e de 565 km em percurso exclusivamente urbano. O ATTO 3 recorre a um motor de 150kW/204cv e 340 Nm de binário máximo, acelera dos 0 aos 100 em 7,3 segundos e consegue uma velocidade máxima de 160 km/h.

Dos dias passados com este ATTO 3 por estradas portuguesas ficam notas positivas para o espaço a bordo – quer para passageiros, quer para bagagens -, para a qualidade dos materiais e da montagem no interior e, sobretudo, para uma boa relação preço/equipamento, com uma oferta de equipamento muito completa nesta versão Design, a mais equipada e que vale pouco menos de 43.500€.

A BYD quer afirmar-se mais pela sofisticação tecnológica do que pelo preço e o interior é um exemplo dessa aposta. Ao centro, apenas como exemplo e a dominar todo o espaço frente a condutor e passageiro, surge um enorme ecrã de 15,6’’ (sim, o mesmo tamanho de um portátil de 15 polegadas), a partir do qual é possível controlar boa parte dos sistemas do ATTO 3. Com o toque num botão no volante esse ecrã roda, podendo ficar na vertical ou na horizontal – não passa de um truque mais ou menos curioso, sem grande utilidade, mas não deixa de ter alguma piada nas primeiras vezes que carregamos no tal botão. Depois há as luzes… estão a ver aquele teclado gaming que o vosso filho pediu no Natal? Pois o interior do ATTO 3 pode ficar igualmente colorido e animado, com a luz ambiente a reagir ao ritmo da música.

Regressando ao que realmente conta no dia a dia, o ATTO 3 garante condução descontraída e sem preocupações. Não é propriamente um desportivo, mas também não é isso que se espera de um SUV. Apesar do centro de gravidade baixo, há alguma inclinação lateral em curvas de maior apoio e a direção é ligeiramente sensível ao binário em momentos de aceleração em curva ou de mudança de faixa. Nada que a electrónica não controle, não chegando a estragar-se o clima geral de descontração.

Concluindo. Este ATTO 3 é uma alternativa competente e diferenciada a alguns dos SUV elétricos mais vendidos no mercado. É só uma questão de ultrapassar a estranheza de uma marca – até aqui – desconhecida.

Texto: Paulo Tavares