Nos Estados Unidos, profissionais de empresas de transporte começam a olhar com preocupação para a chegada acelerada da tecnologia de condução autónoma aos seus camiões. Enquanto a bandeira da segurança continua a ser hasteada pelos defensores da aplicação de sistemas do género nas frotas das empresas, o setor não deixa de encarar a solução como forma de ameaça para milhares de postos de trabalho.
A polémica voltou a subir de tom recentemente, quando um camião autónomo realizou com sucesso uma viagem de 1.529 quilómetros, 80% do trajeto sem qualquer intervenção do motorista.
O veículo partiu de Nogales, no extremo sul do Arizona, junto à fronteira com o México. O condutor ocupou-se do volante durante os primeiros 100 quilómetros, desde Nogales, no condado de Santa Cruz, até Tucson. Mas, daí para a frente, o camião iniciou a marcha autónoma, sem qualquer intervenção do motorista até Dallas.
A rota completa cumpriu-se em 14 horas e seis minutos, menos 10 horas do demoraria um humano em condições normais. Ou seja, 42% mais rápido.
De acordo com a empresa, a redução do tempo da entrega garantiu que a carga de melancias chegasse às prateleiras com menos desperdício e melhor aspeto. E também foi possível reduzir o consumo de combustível.
O sistema autónomo desenvolvido pela TuSimple, empresa com sede San Diego, na Califórnia, líder na área da condução autónoma de veículos pesados, é otimizado para atuar nas vias rápidas que compõem a maior parte da rota – em áreas urbanas, o sistema passa o controlo para o motorista. Por ser um sistema de nível 4, um profissional tem de estar sempre no posto de condução.
Nos Estados Unidos, a legislação permite que um motorista de veículos pesados trabalhe em turnos de até 14 horas, sendo que o limite de condução é de 11 horas – as três restantes reservadas para paragens de descanso em áreas de serviço.
