China denuncia “bloqueio proteccionista” aos seus veículos eléctricos

23/03/2024

A China acusou mercados como os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia de imporem “barreiras protecionistas” contra os veículos elétricos chineses, invocando riscos para a segurança nacional.

“A indústria dos veículos elétricos está globalizada e só através da divisão do trabalho e da cooperação poderemos alcançar benefícios mútuos”, disse hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, em conferência de imprensa.

O porta-voz afirmou que a concorrência leal é o motor do progresso tecnológico e que “a imposição de barreiras comerciais protecionistas em nome da ‘segurança nacional’ viola os princípios da economia de mercado e as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”. Advertiu que tais medidas protecionistas, embora possam parecer benéficas a curto prazo, “na realidade causam o atraso e prejudicam o futuro”.

A longo prazo, “só prejudicarão os interesses das indústrias e dos consumidores locais e afetarão a capacidade da economia global para fazer uma transição ecológica e enfrentar as alterações climáticas”, acrescentou.

Lin instou as partes relevantes a “ouvir seriamente a voz racional da indústria, respeitar as regras da OMC e da economia de mercado e deixar de politizar, securitizar e ideologizar as questões económicas e comerciais”. Na quarta-feira, a Câmara de Comércio Europeia na China apelou a Pequim para que evitasse o “protecionismo” e adotasse uma abordagem “precisa e orientada” na elaboração de leis destinadas a reforçar a sua segurança económica ou a gerir os riscos, numa nova troca dialética entre as duas partes que se arrasta há meses.

No início de março, a Comissão Europeia (CE) decidiu registar as importações de novos veículos elétricos provenientes da China, no caso de decidir impor taxas retroativas no final da investigação sobre os subsídios atribuídos pelo Estado chinês às fabricantes.

Em 04 de outubro de 2023, a CE abriu formalmente um inquérito a fim de determinar se as cadeias de valor dos automóveis elétricos na China beneficiam de subvenções ilegais e se estas causam ou ameaçam causar prejuízo económico aos produtores da UE.

De acordo com a CE, os veículos chineses têm uma penetração de 8% no mercado da UE – que poderá duplicar para 15% até 2025 se continuarem ao mesmo ritmo. Os carros elétricos fabricados no país custam 20% menos do que os veículos europeus.

Dois em cada cinco veículos vendidos na China são elétricos, representando estas vendas 60 % do total mundial. De acordo com as estimativas do banco suíço UBS, até 2030, três em cada cinco veículos novos vendidos na China serão alimentados por baterias e não por combustíveis fósseis.

Fonte: Lusa