Todas as condicionantes desta pandemia implicam um distanciamento social que os cinemas convencionais terão de cumprir. Subitamente, os drive-in surgem como uma alternativa séria e arrojada de manter a indústria cinematográfica à tona de água. Para as famílias, será provavelmente uma oportunidade nova e divertida de planear um fim de tarde ou até uma saída romântica, para os mais apaixonados!

A história dos drive-ins remonta à América dos anos trinta. Incubadora de grande ideias, o drive-in é apenas uma das inovações que este país deu ao mundo, e que teve o seu auge em meados da década de sessenta. O criador do conceito de cinema drive-in foi Richard Hollingshead, que patenteou a sua ideia em 1933, e abriu o seu primeiro Park-In Theater a 6 de Junho do mesmo ano.

A origem da ideia foi caricata, sendo que os assentos disponíveis nos teatros/ cinemas eram relativamente desconfortáveis e pequenos, foram as repetidas queixas da mãe de Hollingshead, inventor do conceito, que levaram este a arquitectar aquele que seria o primeiro Park-In Theater. Seria pois, algo tão simples como ver um filme no conforto do seu automóvel. A ideia, per si, não constituía grande desafio, especialmente quando comparada à tarefa de arquitectar uma solução viável de imagem, som e espaço. A questão da meteorologia foi sempre outra das condicionantes que assombrou os drive-ins desde o início.
Na sua própria moradia, Hollingshead fez ensaios com o que tinha disponível, nomeadamente um projetor Kodak 1928 de 16mm, que mondado sobre o seu automóvel, projetava para uma tela improvisada entre duas árvores. O som foi colocado atrás desta tela, pelo menos provisoriamente nos primórdios deste método exterior.


A imagem de mil novecentos e sessentas, a época dourada automóvel, e toda aquela mística move a nossa nostalgia mais clássica dentro de nós. Especialmente quando hoje olhamos para a quantidade de automóveis que enchiam os drive-ins, e, que na época, nem se sonhava virem a ser clássicos!
Em Portugal, os cinemas drive-in nunca fizeram o sucesso, nem tão pouco marcaram a sociedade, quando comparamos com a América. É curioso pensar que o conforto automóvel foi uma das pedras principais no alicerce do conceito de Park-In Theater. Bem sabemos que os carros americanos à data eram espaçosos e muito confortavelmente transportavam 6 pessoas. Um dos mais fascinantes conceitos de conforto automóvel é o Buick Flamingo, e os seus bancos giratórios.

O fim dos cinemas drive in pode ser atribuído a muitos factores, destes, a democratização da cassete VRC e o downsizing dos automóveis para fazer face à crise dos combustíveis de 1973 parecem ser os mais evidentes. Há quem atribua também esta queda no número de drive-ins ao mercado imobiliário, na medida em que muitas vezes o valor do terreno superava grandemente as receitas obtidas.

Os sobreviventes recorrem a dias temáticos e, sobretudo, à e exploração dos refrigerantes e dos snacks como forma de aumentar as receitas. Seria interessante ver em Portugal um drive in de sucesso. Quem sabe até dedicar um dia especial a automóveis clássicos…será decerto interessante ir ao cinema com um gostinho especial a exposição automóvel. Decerto que eu ia gostar…e o leitor? Já sabe que filme gostaria de ver?
