Bastariam os argumentos acima referidos para perceber porque é que, antes mesmo de chegar ao mercado nacional, o novo ë-C3 já tem mais de 500 encomendas. Um feito até para uma marca que, nos últimos anos, tem lançado vários modelos bem-sucedidos. Mas só quem não segue este setor com o mínimo de atenção é que pode ficar surpreendido.
Desde a primeira vez que se ouviu falar no novo SUV utilitário da Citroën que o interesse em torno do C3 e, em particular, da versão 100% elétrica ë-C3, se tornou evidente. A razão? O preço! A gama C3 e ë-C3 em Portugal articula-se da seguinte forma: a versão 1.2 a gasolina (100 cv e caixa de seis velocidades) começa nos 14 990€ com o nível de equipamento de acesso You, enquanto a 100% elétrica (ë-C3) com bateria de 44 kWh (320 km de autonomia) e o mesmo nível de equipamento arranca nos 23 300€. Mas o que tem feito agitar as “águas” é a promessa de uma versão elétrica, com cerca de 200 km de autonomia, que será proposta em 2025, por um preço “recorde” de apenas 19 990€.
Será desta que os automóveis elétricos se irão democratizar? Não sabemos ao certo, mas a verdade é que vamos no bom caminho. Pelo menos a Citroën parece ir, a julgar pelo interesse que o ë-C3 já conseguiu despertar.
Espaço e conforto são as palavras de ordemComo referimos, apesar dos preços competitivos a que são propostos, os novos C3 e ë-C3 não comprometem nem o espaço, nem o conforto. Aliás, apesar de serem apenas 19 mm mais compridos e 6 mm mais largos do que os seus antecessores, são claramente mais espaçosos a bordo. E mesmo os 310 litros de volume de bagagem devem ser mais do que suficientes para a maioria das viagens e idas às compras.
Uma palavra ainda de apreço para o interior “clean” e descomplicado, luminoso e com muitos locais para arrumação de objetos. A qualidade geral reflete a aposta num preço muito competitivo, mas nunca compromete, especialmente na versão mais equipada (Max) que até conta com algumas aplicações suaves ao toque. O que importa referir é que não demos conta de ruídos parasitas ou de qualquer detalhe merecedor de críticas que saltasse à vista ou ao toque.
Tecnicamente simples, dinamicamente eficaz
Uma estreia na Stellantis, a plataforma do ë-C3 foi concebida para propostas BEV, é eficiente em termos de custos e utiliza um conjunto de baterias LFP (Fosfato de Ferro-Lítio) de 44 kWh, que, segundo a marca gaulesa, assegura uma autonomia máxima de 320 km WLTP. A capacidade de carregamento rápido em postos de 100 kW, permite recuperar dos 20 aos 80 por cento da capacidade da bateria em 26 minutos. O carregamento normal em corrente alternada (AC) dos 20% aos 80% demora cerca de 4h10, com uma potência de 7 kW, ou 2h50 se estiverem disponíveis 11 kW.
Um denominador comum é a forma convincente como o utilitário da Citroën gere sua relação com a estrada. Digno herdeiro da reputação da marca, qualquer uma das variantes assegura um bom nível de conforto de rolamento e uma solidez geral que mais parece provir de um automóvel do segmento acima. As estradas de bom piso onde decorreu o percurso também não colocaram grandes desafios aos C3 e ë-C3, mas, ainda assim, é fácil reconhecer o bom trabalho da suspensão Advanced Comfort e, na versão Max (a mais equipada), dos bancos igualmente concebidos para incrementar o conforto.
Como referimos, o motor elétrico de 83 kW (113 cv) alimentado por uma bateria LFP de 44 kWh, é bastante despachado, especialmente em percursos urbanos e extra-urbanos, e, acima de tudo, muito eficiente, tanto nos consumos como na gestão da energia recuperada em travagens e desacelerações.
Ao fim de cerca de 100 km, terminámos com uma média de consumos inferior a 12 kWh/100 km. Mais uma vez, o bom estado do piso e o facto de o trajeto ser quase todo plano também beneficiaram a eficiência energética do pequeno ë-C3, mas não deixa de ser um bom prenúncio para quem irá utilizar o ë-C3 no seu meio ambiente natural, especialmente em cidade e nos trajetos casa-emprego-casa.