“Clientes particulares estão longe dos 30%”, afirma Anderson Miranda da Renting Finders

03/11/2023

Presente no mercado nacional há quase dois anos, a Renting Finders quer conquistar o seu espaço no renting em Portugal. Conta com uma parceria com a Leasys e adquiriu a Swipcar para apostar no online.

 

Fundada no final de 2018 por Javier Maside Echavarren e Arturo Álvarez Podhorecka, a Renting Finders é um markeplace especializado em renting de veículos. A empresa dispõe de uma sede em Espanha e de delegações em Espanha e Portugal – esta última desde 2021. Atualmente, a empresa conta com 14.000 viaturas contratadas a circular na estrada.

Em entrevista ao Motor 24, Anderson Miranda, Country Manager da Renting Finders Portugal explica a importância da parceria com a Stellantis e da aquisição da Swipcar para acelerar no renting online. O responsável garante que o grande objetivo para 2024 é entrar na área do financiamento.

A Renting Finders nasceu em Espanha, em 2018, e está em Portugal desde Janeiro de 2022. Qual o balanço destes (quase) dois anos de operações no mercado português?

Estamos muito satisfeitos com os resultados que temos vindo a alcançar. No primeiro semestre de 2023, registámos um crescimento na ordem dos 38%, face ao período homólogo de 2022, correspondente ao período de arranque das operações da Renting Finders em Portugal.

O mercado de renting português é muito distinto do espanhol? Quais as maiores diferenças?

Sim, dadas as suas características, os mercados são bastante distintos. Relativamente ao nacional, o negócio do renting está muito no início, ainda requerendo investimentos significativos por parte de todos os players junto de uma vasta franja de clientes. Nota-se, por exemplo, uma grande diferença ao nível da contratação no mercado ibérico por parte do cliente particular.

Este ano, firmaram um acordo de exclusividade para o mercado TVDE com a Leasys. Qual a importância das parcerias, nomeadamente, com um grupo desta dimensão, sob o universo Stellantis, para a atividade da Renting Finders.

Assente no sucesso do primeiro ano, renovámos o contrato de exclusividade com a Leasys. Ainda que, com algumas fases processuais, a aperfeiçoar em termos da contratação de contratos de renting.

Para esta finalidade, concretizámos cerca de 400 viaturas em 2022 junto dessa tipologia de cliente. Temos múltiplos casos de motoristas que têm, hoje, empresas com frotas de mais de sete viaturas. É, claramente, uma iniciativa da Renting Finders junto da Leasys que está a ser bem sucedida e que é para continuar em 2024.

Qual a expressão do mercado TVDE para as contas da empresa?

Não tendo presente a informação exata, diria que já tem um peso considerável, na ordem dos 20% da nossa operação.

Quantas viaturas tem a Renting Finders contratadas em renting até à data?

No global, contamos, aproximadamente, com uma frota ativa na ordem das 14.000 viaturas em circulação nas ruas.

Qual a percentagem de veículos elétricos nestes contratos referidos?

Este é o nosso maior desafio. Infelizmente ainda sentimos muita dificuldade neste tipo de viaturas, se consideramos os preços praticados pelo mercado, não só pelo receio de alguns clientes no domínio das autonomias dos veículos, como também – e não menos importante – a insuficiência ao nível de infraestruturas, nomeadamente públicas, e que, em algumas regiões do país, são visivelmente insipientes, limitando a contratação deste tipo de viaturas.

A aquisição da Swipcar permite acelerar no renting online. Como prevê a evolução desta plataforma e da procura digital dos clientes?

Sem dúvida! A aquisição estratégica da Swipcar pela Renting Finders traduziu-se numa boa aposta, não só porque absorvemos todo o conhecimento e experiência dessa operação, como também o poderosíssimo CRM, que tinha sido feito à medida e de acordo com as necessidades específicas do nosso negócio.

A título de exemplo, os nossos consultores de renting, que contactam os clientes, pouco ou nada têm de autonomia de decisão na próxima tarefa, já que o CRM, de uma forma inteligente, gere toda a informação que recebe das diferentes fontes e indica qual a próxima ação a implementar – se uma devolução de chamada, um novo contacto ou até mesmo um email.

A Renting Finders publicou, recentemente, os cinco maiores mitos sobre o renting. Qual considera ser o mais difícil de combater? Porquê?

Em Portugal é, sem dúvida, o cliente particular, porque, ao contrário do que acontece no mercado espanhol, os portugueses ainda têm muito intrínseco o sentimento de posse, de longo prazo – a compra da viatura em seu nome. Não são ainda de entendimento geral, neste nicho de mercado, as grandes vantagens na contratação de um renting versus a um produto de financiamento de características mais tradicionais. É um processo que, passo a passo, a Renting Finders está a conseguir desmistificar, nomeadamente, junto dos interessados que nos contactam pela primeira vez, assente na experiência das nossas equipas de profissionais dedicadas.

Focando-nos no 4º mito… “O renting é exclusivo para empresas e empresários em nome individual. Segundo dizem, esta é uma “falsa questão”. Mas a verdade é que a clientela particular ainda não se rendeu ao renting. Concorda?

Sim, ainda que, de uma forma muito lenta, o registo de contratos com clientes particulares apresenta um crescimento. No entanto, se consideramos o número de condutores particulares, estamos longe de atingir sequer os 30%. Existe um grande potencial.

No entanto, há ainda muito trabalho ainda a fazer, nomeadamente ao nível da desmistificação das diversas questões associadas ao renting.

Como se dividem, dentro da empresa, percentualmente, os contratos de renting de empresas e de particulares?

É enorme a amplitude entre os dois tipos de clientes. Estamos a falar de 82% de contratos com empresas (incluindo empresários em nome individual e empresas unipessoais) e 18% ao nível dos clientes particulares. Aqui penso que essa análise deveria ser vista de uma outra forma: se, por exemplo, descontássemos desse “bolo” duas tipificações de clientes – RAC e TVDE – as percentagens seriam bem diferentes.

E como prevê o crescimento futuro, na Renting Finders, do cliente empresarial e particular?

Estamos expectantes e bastantes cautelosos para 2024, com a questão da subida crescente das taxas Euribor, bem como pela oscilação dos preços das viaturas previstas para 2024, que impactam diretamente no valor das rendas dos contratos de renting. Até ao momento, não sentimos necessidade de alterar nenhuma das estratégias que tínhamos definidas para o exercício de 2023, de acordo com o nosso score card balance, mesmo com todos os contratempos que o mercado sofreu.

Quais as principais apostas da empresa para 2024?

A grande aposta é entrarmos na área de financiamento, onde reforçaremos a nossa posição e presença no mercado como intermediários de crédito. Já estamos devidamente credenciados pelo Banco de Portugal, com mais esse elemento facilitador nas nossas operações para contratação de uma viatura ligeira, comercial, ou até mesmo na vertente dos veículos pesados, que, já em 2023, nos tem dado bons indicadores, algo que não é o core business da Renting Finders. Esta é uma operação piloto no grupo Renting Finders, proposta pela gestão portuguesa, sendo que obtivemos apoio dos acionistas e investidores, estimando-se em cerca de 100 milhões de euros em valor financiado. Acrescente-se que implementaremos este procedimento através da plataforma online da Swipcar, em www.swipcar.com/pt.