Dacia Duster: fazer as contas

22/05/2024

Exibindo uma estética mais expressiva, a terceira geração do SUV da Dacia chega ao nosso país e obriga os interessados a fazer contas e a questionarem: a versão base custa mesmo menos de 20.000 euros?

 

Value for money. Poucas marcas procuram, tão afincadamente, encontrar a fórmula perfeita do custo-benefício como a Dacia. As suas contas são diferentes e já há muitos “quilómetros” que o termo low budget deixou de fazer parte da equação dos seus modelos.

Nesse sentido, a terceira geração do Duster é a expressão perfeita. Depois de ter mostrado a revolução estética deste SUV (que, desde 2010, vendeu 2,2 milhões de unidades na Europa), a Dacia proporcionou aos jornalistas os primeiros quilómetros ao volante do “carismático” modelo. Fê-lo em Málaga, Espanha, numa apresentação onde foi possível testar ainda as suas competências fora de estrada, já que contempla versões 4×2 e 4×4.

Parece justo afirmar que uma pergunta atravessou a mente de quem conduziu o novo Dacia Duster. Será possível que o preço da versão de acesso esteja ligeiramente abaixo dos 20.000 euros?

Revolução estética

Antes de partirmos para a experiência dinâmica, recordemos as alterações estéticas do novo Duster. Não são poucas. Nesta terceira geração, a marca procurou delapidar o modelo até encontrar o estado “mais puro” das linhas. Não existe um “traço” a mais em matéria de design. A secção frontal é de uma verticalidade assinalável, não escondendo as proteções estriadas das cavas das rodas, a porta da bagageira é de enormes dimensões e as janelas laterais atravessam toda a carroçaria.

As proteções laterais ligam-se aos guarda-lamas e, depois, às cavas das rodas. Os faróis e as luzes traseiras do novo Duster estão dispostos em “Y”, a mesma forma que é visível nas jantes de liga leve (que também não têm crómio). A forma como os materiais são polidos conferem-lhe um brilho que não passa despercebido.

Tanto as proteções laterais inferiores, como as cavas das rodas, as marcas de identificação, os guarda-lamas, os triângulos no para-choques dianteiro e a proteção da zona traseira foram concebidos num material resistente. Uma solução encontrada pelos engenheiros da Dacia e pelos químicos da LyondellBasell: Starkle. O material já revelado antes no concept-car “Manifesto” é até 30% reciclado.

O novo Dacia Duster recorre à plataforma CMF-B do Grupo Renault, argumento de peso para a qualidade de vida a bordo. Mais: reduziu as vibrações e o ruído de rolamento, permitindo-lhe acolher, pela primeira vez, variantes eletrificadas. Grupos motopropulsores que utilizam tecnologias híbridas moderadas (mild-hybrid) e totalmente híbridas (full-hybrid). Soluções que as duas gerações anteriores não permitiam.

Recheio tecnológico

O habitáculo é, também ele, muito coerente e de fácil convivência. Tem um pouco de tudo, mas cada coisa tem a sua função. Conta com um ecrã central de 10,1” posicionado no campo de visão do condutor e com um ângulo de 10° na sua direção. Os controlos da transmissão automática são novos e encontram-se associados ao motor Hybrid 140.

Destaque ainda para a superfície das saídas de ar em forma de “Y” (e em tom de cobre na versão Extreme), que também aparece à volta dos apoios de braços dos painéis das portas. O nome da marca no centro do volante foi substituído pelo logótipo da Dacia.

A plataforma CMF-B permite ainda criar mais espaço. Não apenas para quem vai a bordo do Dacia Duster – nomeadamente nos bancos traseiros – mas, também, na bagageira, que aumentou a sua capacidade: de 445 para 472 litros.

Ser e parecer

O novo Duster tem um visual robusto e de aventureiro pós-moderno. E não parece apenas… é. Conta com versões 4×2 e 4×4, estas últimas dotadas, inclusivamente, do sistema Terrain Control, com vários modos: “Auto”, “Snow”, “Mud-Sand/Off-Road” e “Eco”. De referir que as unidades 4×4 têm 217 mm da altura ao solo, ângulo de ataque de 31° e ângulo de saída de 36°. O que permite superar terrenos bastante agrestes com muita facilidade, como foi possível comprovar durante a apresentação internacional.

Existem várias opções em termos de motores – e nenhuma é Diesel. A variante mais elitista (29.000 euros) é a Hydrid 140. Um conjunto que integra um motor 1.6 a gasolina de quatro cilindros com 94 cv, dois motores elétricos (motor de 49 cv e gerador/motor de arranque de alta tensão) e uma caixa de velocidades automática. A travagem regenerativa e a elevada capacidade de recuperação de energia da bateria de 1,2 kWh (230 V), permitem circular em modo 100% elétrico até 80% do tempo em cidade, reduzindo os consumos entre 20% (ciclo misto) e 40% (ciclo urbano).

Em estreia temos o TCe 130, disponível por 24.050 euros. Neste caso, entra em cena o motor turbo 1.2 a gasolina de três cilindros, de nova geração, que utiliza o ciclo Miller (perdas reduzidas na bomba otimizam a eficiência) e uma solução híbrida ligeira (mild-hybrid) de 48 V. Este ajuda o motor de combustão interna em arranques e acelerações, reduzindo o consumo médio e as emissões de CO2 em cerca de 10%. Este Duster TCe 130 conta com uma caixa de seis velocidades nas versões 4×2 e 4×4.

 

Por fim, o Duster ECO-G 100. A Dacia não deixa cair esta solução que, em Portugal, é de estranhar não ser mais considerada, dada a poupança que representa no momento de abastecer. Em modo GPL, o Duster liberta, em média, menos 10% de CO2 do que um motor a gasolina comparável. Pode percorrer até 1.300 km com os seus dois depósitos de 100 litros – 50 litros de gasolina e 50 litros de GPL. Para mudar de um modo de combustível para o outro, basta carregar num botão integrado no painel de instrumentos. O preço? Com o nível de equipamento Essential, não mais de 19 150 euros. Lá está, é fazer as contas.