DAKAR 2023: Etapa 4 Ha’Il – Ha’Il

05/01/2023

O piloto francês Sébastien Loeb (BRX) venceu, na quarta-feira, a quarta etapa dos automóveis na 45.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno, que se disputa até dia 15 na Arábia Saudita.

Loeb gastou menos 13 segundos do que o compatriota Stéphane Peterhansel (Audi) a cumprir os 425 quilómetros cronometrados da especial de hoje, com partida e chegada em Hail, e menos 1.50 minutos do que o espanhol Carlos Sainz (Audi), que foi terceiro.

O final da etapa ficou marcado pela decisão da Federação Internacional do Automóvel (FIA) em permitir aos Audi aumentarem a potência, de acordo com o regulamento deste ano, numa medida que pretende equilibrar a luta pela vitória, denominada Equivalência de Tecnologia.

A decisão foi já contestada pelo catari Nasser Al-Attiyah (Toyota), líder da classificação geral, que hoje foi quarto classificado, a 2.05 minutos do vencedor.

“Que surpresa darem mais 11 cavalos aos nossos adversários. Obrigado por matarem a corrida antes de tempo”, escreveu o catari na sua conta do Instagram.

O sueco Mathias Ëkstrom (Audi) respondeu, dizendo que Nasser deveria “seguir os acordos e os métodos de medição acordados antes da corrida e deixar a FIA fazer o seu trabalho”.

Carlos Sainz, que liderou nos primeiros dias, frisou que não quer “mais potência, mas igualdade”, enquanto a Audi considera que é “uma decisão justa”, pois os seus carros perdem “em aceleração”.

A marca germânica aproveitou o dia de hoje para homenagear o norte-americano Ken Block, falecido na segunda-feira, vítima de um acidente com uma mota de neve nos Estados Unidos.

Ainda nas quatro rodas, mas na categoria T3, para veículos ligeiros (SSV) protótipos, o português João Ferreira (Yamaha), campeão nacional de todo-o-terreno, liderou parte da tirada, terminando na segunda posição, a 5.49 minutos do vencedor, o norte-americano Mitchell Guthrie (BFG).

O belga Guillaume de Mevius (GRALLY Team) foi terceiro, a 6.14 minutos.

“Foi uma etapa muito boa e o resultado é muito saboroso. Depois de dois dias muito difíceis e que mexem com o nosso psicológico e físico, acaba por ser uma boa forma de tirar a pressão. Estamos neste Dakar para ganhar mais consistência, aprender e evoluir e tanto os bons como os maus resultados são importantes para o nosso futuro nesta e noutras provas”, disse o piloto de Leiria.

Ricardo Porém (Yamaha) foi 15.º, enquanto Hélder Rodrigues (Can-Am) voltou a ter problemas e foi apenas 40.º, somando 23:40 horas de penalização.

Nos T4, para SSV derivados de Série, David Megre, que navega para o espanhol Ricardo Suarez (Ramilo), foi o melhor português, na sétima posição. O brasileiro Bruno Conti (Can-Am), com o português Bianchi Prata como co-piloto, foi 22.º.

Na geral, Nasser Al-Attiyah lidera nos automóveis, com 18.18 minutos de vantagem sobre o saudita Yazeed Al-Rajhi (Toyota) e 18.52 sobre Peterhansel. Carlos Sainz é quarto, a 32.55 minutos.

Michael Guthrie lidera nos T3, com o navegador português João Ré (faz dupla com o saudita Saleh Alsaif, num Can-Am) é sétimo, com Ricardo Porém em 20.º e Hélder Rodrigues em 36.º. João Ferreira é 41.º.

O brasileiro Rodrigo Oliveira (Can-Am) lidera os T4, nos quais Bianchi Prata, na oitava posição, é o melhor português.

Na quinta-feira, disputa-se a quinta das 14 etapas da prova, novamente com partida e chegada em Hail, mas com 373 quilómetros de especial cronometrada.

Nas motos o dia ficou marcado, desde cedo, pela queda do motociclista português Joaquim Rodrigues Jr. (Hero), ao quilómetro 90 dos 425 previstos para a especial desta quarta-feira, com partida e chegada em Hail.

Junto ao piloto barcelense parou o chileno José Ignacio Cornejo (Honda), para auxiliar Quim Rodrigues Jr., que acabaria transportado ao hospital de Hail com o fémur da perna esquerda partido, onde será operado.

“Caí e parti a perna. Agora, no hospital, sinto-me muito melhor. Agradeço todo o apoio e espero regressar em breve”, disse o piloto português, citado pela equipa indiana, após a desistência na sétima participação na prova.

O espanhol Joan Barreda (Honda) foi dado como vencedor, ele que corre há dois dias com um dedo de um pé fraturado depois de ter batido numa pedra na segunda etapa.

No entanto, a organização viria a rever as classificações e a retirar 25.55 minutos ao tempo de Ignacio Cornejo, que recebia, assim, a vitória nas motas com cerca de 10 minutos de avanço para Barreda.

Mas a organização, a cargo da empresa francesa Amaury Sports Organization (ASO), que, entre outras provas, organiza o Tour de França, voltou a rever as classificações e, em vez dos 25.55 minutos retirados ao tempo de Cornejo, descontou apenas 7.35 minutos, o que voltou a colocar o triunfo nos braços do piloto espanhol.

Barreda chega, assim, aos 29 triunfos no Dakar, batendo o chileno Pablo Quintanilla (Honda) por apenas 16 segundos e o norte-americano Skyler Howes (Husqvarna) por 1.05 minutos.

Mário Patrão (KTM), que corre sem assistência, na categoria Malle, foi o melhor português, na 33.ª posição, a 55.48 minutos.

Rui Gonçalves (Sherco) foi penalizado em 15 minutos por falhar um ponto de passagem obrigatório e foi 36.º, a 1:08.13 horas.

António Maio (Yamaha) ficou sem gasolina e perdeu quase duas horas, terminando em 64.º.

“No início da especial perdi algum tempo, porque a mota atascou numa duna. No entanto, consegui resolver o problema rapidamente e, daí para a frente, consegui imprimir bom ritmo. A 10 quilómetros da assistência fiquei sem gasolina e perdi imenso tempo, o que condicionou o resto da minha corrida. Com este resultado fica mais difícil alcançar uma boa classificação, mas vou continuar a lutar”, prometeu o piloto alentejano.

Pior esteve o luso-alemão Sebastian Bühler (Hero), que também ficou sem gasolina na primeira parte da especial, e afundou-se na classificação.

“A areia estava molhada e compacta da chuva que caiu. Com estas condições, a mota gasta mais combustível do que o normal. Depois de esperar bastante tempo, outro piloto cedeu-me gasolina para chegar ao reabastecimento”, explicou, desejando “uma rápida recuperação” a Quim Rodrigues, seu companheiro de equipa.

Com estes resultados, Daniel Sanders manteve o comando das duas rodas, com 3.33 minutos de vantagem sobre Skyler Howes e 4.05 minutos sobre o argentino Kevin Benavides (KTM).

Rui Gonçalves é o melhor português, em 24.º, com António Maio em 27.º, Bühler em 38.º e Mário Patrão em 40.º, segundo dos Malle.