As tarifas impostas à importação automóvel obrigaram a Ford a cancelar a importação do Focus Active, que seria o único automóvel convencional compacto na gama. O carro necessitava de ser produzido na China para poder ter um preço baixo o suficiente para ser vendido nos Estados Unidos, e quando Trump desafiou a marca a “construí-lo aqui”, a resposta foi que isso não ia acontecer. Mas as tarifas não afetam apenas as vendas de automóveis, também estão a prejudicar a importação de componentes.
De acordo com Jim Hackett, CEO da Ford Motor Company, as tarifas à importação de aço e alumínio do estrangeiro custaram mil milhões de dólares à marca, que ainda vai perder mais dinheiro enquanto não for resolvida esta situação, enquanto não for estabelecido um acordo final para a renovação da NAFTA, a organização de comércio livre da América do Norte. A Ford tem uma presença forte tanto na Europa como na China, o que não é o caso das rivais General Motors (que abandonou a Europa e tem produtos específicos direcionados para o mercado chinês) e Fiat Chrysler (atualmente mais vocacionada para determinados nichos, contando ainda com vários produtos diferenciados para Europa e América do Norte).
Os problemas de acesso a componentes e materiais obrigam os construtores a concentrar a produção em certas fábricas para certos mercados. Antes, uma unidade fabril podia direcionar as suas linhas de montagem para as necessidades de um mercado de exportação em particular, conforme a necessidade. Esta flexibilidade foi perdida, já que algumas fábricas foram obrigadas a suportar um aumento de produção necessário para lidar com a procura do mercado interno, não podendo agora contar com o apoio de fábricas de outros países.