M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
As tarifas à importação impostas pela presidência de Donald Trump custaram mil milhões de dólares, ou 850 milhões de euros, à Ford. A marca americana, que atualmente é a que tem uma maior presença no mercado mundial entre as “big 3” de Detroit, deverá ter uma redução de 29 por cento nos lucros este ano, depois de ter conseguido proveitos de 7,6 mil milhões de dólares o ano passado. Esta política governamental obrigou a Ford a alterar a direção dos seus investimentos, numa fase em que precisam de colocar recursos no desenvolvimento de automóveis elétricos.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

As tarifas impostas à importação automóvel obrigaram a Ford a cancelar a importação do Focus Active, que seria o único automóvel convencional compacto na gama. O carro necessitava de ser produzido na China para poder ter um preço baixo o suficiente para ser vendido nos Estados Unidos, e quando Trump desafiou a marca a “construí-lo aqui”, a resposta foi que isso não ia acontecer. Mas as tarifas não afetam apenas as vendas de automóveis, também estão a prejudicar a importação de componentes.

De acordo com Jim Hackett, CEO da Ford Motor Company, as tarifas à importação de aço e alumínio do estrangeiro custaram mil milhões de dólares à marca, que ainda vai perder mais dinheiro enquanto não for resolvida esta situação, enquanto não for estabelecido um acordo final para a renovação da NAFTA, a organização de comércio livre da América do Norte. A Ford tem uma presença forte tanto na Europa como na China, o que não é o caso das rivais General Motors (que abandonou a Europa e tem produtos específicos direcionados para o mercado chinês) e Fiat Chrysler (atualmente mais vocacionada para determinados nichos, contando ainda com vários produtos diferenciados para Europa e América do Norte).

Os problemas de acesso a componentes e materiais obrigam os construtores a concentrar a produção em certas fábricas para certos mercados. Antes, uma unidade fabril podia direcionar as suas linhas de montagem para as necessidades de um mercado de exportação em particular, conforme a necessidade. Esta flexibilidade foi perdida, já que algumas fábricas foram obrigadas a suportar um aumento de produção necessário para lidar com a procura do mercado interno, não podendo agora contar com o apoio de fábricas de outros países.