DS7 Crossback: A ‘verdadeira’ DS começa agora… e tudo vai mudar

07/12/2017

Se já encontrou muitos DS na rua, o título deste artigo pode parecer estranho, mas o facto é que a ‘verdadeira’ DS começa aqui e agora, com o novo DS7 Crossback, que se assume como o primeiro modelo da segunda geração desta marca que em 2015 se emancipou das suas ‘amarras’ face à Citroën.

Este é apenas o primeiro de uma gama de seis novos modelos que serão lançados ao longo dos próximos anos, inseridos numa estratégia concreta de expansão e implementação da DS para batalhar ‘olhos nos olhos’ com as suas rivais do segmento Premium. A marca do Grupo PSA pretende ser vista como um exemplo de “refinamento e de tecnologia”, conforme nos foi dito na apresentação do novo SUV, o DS7 Crossback, o qual inaugura uma nova etapa na vida desta ainda jovem companhia (enquanto independente, entenda-se).

Para clarificar melhor a questão desta ‘nova’ DS, regresse-se um pouco atrás no tempo: em 2014, Carlos Tavares, o grande ‘obreiro’ do plano de recuperação económica da PSA, determinou a emancipação da DS enquanto terceiro pilar da PSA, ladeando a Peugeot e a Citroën, mas focada principalmente na oferta de uma experiência totalmente Premium. Contudo, os seus modelos foram atualizações e adaptações dos carros que até então já existiam sob ‘alçada’ da Citroën. É por isso que este novo DS7 Crossback tem o condão de representar uma nova etapa para a DS, ao abrigo de um novo projeto de desenvolvimento cujo resultado está já disponível para encomenda na versão La Première, uma edição limitada no tempo (até 31 de dezembro), que traça o perfil de luxo e requinte desta DS de nova geração. As outras chegarão ao cabo dos primeiros meses de 2018, com exceção da variante híbrida Plug-in, que só virá em meados de 2019.

Argumentos de peso

Face à importância deste lançamento, não deixa de ser importante dar atenção às palavras de Eric Apode, diretor de Produto e de Desenvolvimento da DS Automobiles, para quem, “com o novo DS7 Crossback tudo é diferente”.

Sem concessões, a DS quer ser a marca de luxo francesa por excelência, conjugando design arrojado com tecnologia vanguardista. O híbrido plug-in acentua essa sua faceta…

Para primeira aposta, o segmento da moda, o dos SUV. O que também não seria de estranhar vindo de uma marca que tem na cidade de Paris a sua embaixadora, a qual é também conhecida pela sua moda e estilo. Uma afirmação arrojada e ousada por parte da marca que, mais do que uma face conhecida, quis uma mentalidade e um imaginário intemporal e, ao mesmo tempo, inconfundível. Eis Paris.

“Em todos os países consumidores de automóveis Premium são os SUV do segmento C que apresentam o maior potencial em termos de volume e de rentabilidade”, refere Apode, apontando dessa forma uma “questão de lógica”. Para a DS, este 7 Crossback será de conquista global, com produção na Europa e na China (para o mercado local), assentando em três pilares fundamentais no seu desenvolvimento, de acordo com os seus responsáveis: desenho carismático, sabedoria francesa e tecnologia avançada. “Apontamos a clientes que se pretendem afirmar e que estão à procura de novas sensações”, detalha Eric Apode.

O seu design encerra todos os atributos da linguagem de estilo sobre a qual os designers da DS trabalham há vários anos, sendo também o exemplo para os códigos estilísticos de futuras produções da marca. As dimensões são generosas, tendo por objetivo proporcionar uma habitabilidade referencial no segmento. Assim, mede 4,57 metros de comprimento, para 1,89 metros de largura e 1,62 metros de altura. Exteriormente, linhas robustas e bem modeladas, com destaque para a grande grelha dianteira ladeada pelos faróis com tecnologia DS Active LED Vision com módulos sequenciais que incrementam a visibilidade e o espírito ‘avant-garde’ da marca.

Na traseira, as duas óticas monobloco constituem outro elemento deveras distintivo com as suas escamas luminosas sequenciais que produzem um efeito de profundidade único. Aliás, uma vez acesas, são quase peças de arte pela forma como apresentam a sua luminosidade. Com uma imagem bem conseguida, apenas o posicionamento das luzes diurnas de circulação parece descabido, surgindo muito nas laterais do para-choques dianteiro, desequilibrando um modelo que, regra geral, tem uma presença imponente.

Interior de excelência

No interior, uma revolução total. A DS recorreu a especialistas, como os melhores artesãos franceses, para a conceção dos revestimentos e designers de diferentes áreas, de arquitetos de interiores, a especialistas em cores ou engenheiros. Assim, o habitáculo do DS 7 Crossback apresenta vários elementos exclusivos, como por exemplo o ‘pearl point’, uma costura decorativa que cria pequenos pontos perlados no painel de controlo e painéis das portas. Além disso, dependendo do nível de gama, pode ter acabamentos em madeira, couro ou Alcantara, dotando o interior de uma sensação palpável de qualidade e luxo.

Além disso, a própria conceção e desenho do habitáculo é vincadamente diferente de outras propostas do segmento, com um design muito particular que se pode ver nos painéis das portas, na consola central e nos comandos dos vidros elétricos, por exemplo. Também a insonorização foi muito trabalhada pela marca, procurando isolar os passageiros dos ruídos do mundo exterior.

Com muitos espaços de arrumação a bordo, destaque ainda para o volume de bagageira: 555 litros, que pode chegar aos 1752 litros com o rebatimento do encosto dos bancos.

Inspirações gaulesas

O DS7 Crossback dispõe de nove tons de carroçaria e cinco inspirações interiores, num conjunto de soluções distintas, cada qual com a sua particularidade. Comece-se pela inspiração DS Bastille, que tem elementos externos cromados, grelha e rebordo negro, decoração interior com granulados em tom bronze, bancos em tecido bronze Perruzi, volante multifunções em couro pleine fleur, elementos (apoios de braço, painéis de portas) cobertos em semi-couro e decoração da consola central em guilhochado (ondulados simétricos).

Já a inspiração DS Performance Line combina elementos desportivos e de elegância recorrendo aos cromados e logótipos “Performance Line” no exterior, mas também âs jantes de 19 polegadas, volante semi-couro com apontamentos em Alcantara e a pedais em alumínio.

Outra inspiração, a DS Rivoli aposta em elementos cromados exteriores, mas também nos comandos abaixo do ecrã central com incrustações em cristal, barras da consola central em alumínio guilhochado, bancos elétricos em couro granulado, a par de um relógio B.R.M R180 rotativo. A inspiração DS Opera apresenta estofos em couro Nappa, painel de bordo e das portas com efeito patiné e costuras em ponto de pérola, bancos e para-brisas aquecido, relógio B.R.M R180 rotativo e sistema DS Connect Nav com rádio digital.

Por último, a inspiração DS Faubourg recorre a couro e ao ébano, inspirando-se no famoso Faubourg parisiense de Saint-Honoré, meca do luxo e da arte. Esta inspiração será comercializada no decurso de 2019, em conjunto com o lançamento das propostas híbridas recarregáveis E-Tense 4X4. Com exceção da Performance Line, cada linha presta homenagem a bairros parisienses de renome.

Tecnologia em força

Como não poderia deixar de ser, o DS7 Crossback traz consigo novos atributos tecnológicos em termos de equipamento e de conectividade, através de dois ecrãs de 12 polegadas (instrumentos e multimédia), sistema Hi-Fi de elevada qualidade (com até 14 altifalantes de origem Focal) e conectividade em que os engenheiros integraram no desenvolvimento da viatura todas as novidades que foram surgindo no mercado, como a navegação conectada com informações de tráfego em tempo real e de meteorologia, acesso à Internet e uso das características dos seus smartphones através das plataformas Apple CarPlay ou MirrorLink. O arranque é feito sem chave, sendo esta uma particularidade de série em todos os 7 Crossback

Trabalho dinâmico

Apesar de ter uma forte atenção no conforto e requinte – que pudemos confirmar e que poderá ler noutro artigo em maior detalhe –, o DS7 Crossback procura também destacar-se pela dinâmica. Após os primeiros quilómetros ao volante de um destes novos DS, não é difícil constatar que houve trabalho muito bem feito, sendo, muito possivelmente, o melhor modelo da marca em termos de condução.

Para atingir o nível de prestações desejado, a DS escolheu a plataforma modular EMP2, já base de outros modelos do Grupo PSA, mas amplamente adaptada para o segmento e às ambições das prestações pretendidas pala DS. Assim, o eixo traseiro cruzado deformável foi substituído por uma solução multibraço, que garante maior suavidade e filtragem, ao mesmo tempo que remove, também, muitos ruídos de percussão. Mas houve mais trabalho, a começar pelo reforço estrutural da carroçaria, o que foi conseguido através de uma tecnologia de colagem por soldadura, uma solução que permitiu melhorar a resistência à torção em 30% face a um método comum de conceção da carroçaria. O volante tem uma dimensão mais compacta e dois modos de atuação: “Normal”, para uma utilização diária e uma suavidade otimizada, e “Sport”, numa experiência mais dinâmica.

Este SUV conta com um novo amortecimento variável multimodal, usando, por um lado, as informações fornecidas pelos diferentes sensores da viatura (aceleração, velocidade, ângulo do volante, etc), e por outro as leituras de uma câmara localizada no para-brisas, examinando a envolvente da estrada até uma distância 20 metros à sua frente. Graças a este método, a marca promete que a passagem por uma lomba seja “mais equilibrada em termos de oscilações após a ultrapassagem desse obstáculo, garantindo uma estabilidade mais imediata”. A adaptação do amortecimento é, assim, servida por um conjunto de dados preditivos que permitem melhorar o seu desempenho.

Gama de motores

Orientando-se para uma vertente de eficácia, a DS terá uma gama que será pautada por uma nova geração de motores, sendo que em janeiro surgirá no lançamento nacional com duas escolhas, uma Diesel na forma do 1.5 BlueHDi de 130 CV com caixa manual de seis velocidades e uma a gasolina na forma do 1.6 PureTech de 180 CV, este já associado à nova caixa automática de oito velocidades (EAT8), que mostra maior efiácia e elevada suavidade no seu funcionamento.

Mais tarde, em março, será a vez da chegada do 1.6 PureTech a gasolina de 225 CV, uma unidade de nova geração que promete aliar rapidez com eficácia, sendo também o primeiro motor alimentado por este tipo de combustível a dispor de um filtro de partiículas. Surgirá associado a uma caixa automática de oito velocidades EAT8. Em junho será a vez de o motor 2.0 BlueHDi de 180 CV chegar ao mercado português, também ele associado a caixa EAT8.

Novidade absoluta com chegada prevista apenas para meados de 2019 é a versão Plug-in híbrida E-Tense 4×4, que une um motor a gasolina de 1.6 litros com 200 CV de potência a dois motores elétricos de 80 kW cada (um no eixo dianteiro e outro no traseiro) para uma potência combinada de 300 CV. Neste momento, a marca continua a desenvolver o sistema e se já nos foi permitida uma primeira abordagem ao E-Tense 4×4, fica a sensação de que o primeiro esforço é bom, mas há ainda trabalho pela frente, pelo que até 2019 muito deverá evoluir. Sem dados oficiais para já, a DS espera um valor de aceleração dos 0 aos 100 km/h mais diminuto e uma velocidade máxima acima dos 220 km/h.

Além disso, pode oferecer uma autonomia máxima de 50 km em modo “emissões zero” (ciclo WLTP), enquanto o processo de homologação lhe permite exibir emissões de CO2 contidas em 40 g/km em ciclo combinado (e média combinada de apenas 1,8 l/100 km. Com um carregador de 3.3 kW e uma tomada de 16A, o E-Tense 4X4 necessitará de pouco mais de 4 horas para um carregamento total, ou apenas 1 hora e 40 minutos com um carregador de 6.6 kW e uma tomada de 32A (que prevê uma instalação elétrica própria).

Em modo EV, totalmente elétrico e com tração às rodas traseiras, o modelo pode acelerar até pelo menos aos 130 km/h sem produzir quaisquer emissões poluentes. Quando as baterias esgotam toda a energia para uma movimentação em modo “emissões zero”, entra em ação o modo Híbrido, que aciona a tração às rodas dianteiras, rolando com ambos os motores térmicos e elétricos (frontal), ou tração integral, graças à contribuição adicional de energia fornecida pelo motor montado sobre o eixo traseiro, se necessário, no caso de carga excessiva ou se as condições de aderência assim o exigirem. O condutor pode decidir-se por uma condução permanente, selecionando o modo 4×4.

É igualmente importante observar que todos os futuros modelos da DS irão também contemplar nas suas gamas uma proposta híbrida recarregável ou 100% elétrica, e que, em 2025, estas motorizações irão representar mais de um terço das vendas deste construtor francês.

Mais tecnologia? Por uma boa causa…

De série desde o nível Chic, o Crossback conta com amplificador da travagem de emergência (incluindo automático) com repartidor eletrónico, ESP, assistência ao arranque em inclinação, travagem de emergência automática, alerta da atenção do condutor, alerta de saída involuntária da faixa de rodagem, regulador/limitador de velocidade ou ainda o reconhecimento dos painéis de velocidade.

Entre as novidades, destaque para a DS Active LED Vision, um sistema inédito no universo automóvel que recorre a LED de acendimento progressivo, cujo feixe luminoso adaptativo se define de acordo com as condições da estrada e da velocidade do modelo, através de cinco modos que se ativam automaticamente: Parking, Town Beam (cidade), Country Beam (estrada), Motorway Beam (autoestrada) e Adverse Weather (chuva). As funções de faróis direcionais (Dynamic Bending Light) e luzes de máximos (High Beam) fazem igualmente parte das funções propostas, num verdadeiro acréscimo de segurança.

A assistência à condução fica ainda assegurada pelo sistema DS Connected Pilot, com um regulador de velocidade adaptativo ao mesmo tempo que ‘posiciona’ o veículo na sua via (entre os traços contínuos ou descontínuos). Apontando para condições de engarrafamento e autoestrada, o sistema pode funcionar entre os 0 e os 180 km/h.

Fator importante: Este DS é Classe 1 nas portagens, independentemente de estar associado a dispositivos de Via verde

Por fim, deve-se mencionar o sistema DS Night Vision, que utiliza uma câmara de infravermelhos localizada na grelha dianteira para detetar peões e animais até 100 metros na frente do veículo. Estes são assinalados num enquadramento a amarelo, que passa depois a vermelho, no painel de instrumentos abaixo dos olhos do condutor (acompanhado por um sinal sonoro), para que este possa reagir em função da posição do obstáculo.

Preços há, mas só os mais caros…

Para já ainda só estão disponíveis os preços associados à edição especial La Première, sendo que estes modelos têm por base o nível de equipamento de topo e a inspiração mais recheada, a Opera, pelo que o grosso dos modelos deverá começar bem abaixo dos preços que vão ser reproduzidos de seguida. Com muito equipamento incluído – quase tudo, sendo exceções o DS Night Vision e o DS Park Pilot de estacionamento automático – o DS7 Crossback com motor Puretech de 225 Cv terá um custo de 53.500€, enquanto a versão com o BlueHDi de 180 CV terá um preço de 61.000€. Ainda assim, muito por alto, segundo estimativas da marca, os preços mais comuns deverão situar-se na casa dos “30 mil a 40 mil euros”.

Só mais um ponto: não vai poder comprá-lo na Citroën

Esta é outra das novidades de relevo do DS7 Crossback. Sendo o precursor de uma nova era para a DS, este SUV será o porta-estandarte de uma nova fase de comercialização. Ou seja, embora os concessionários Citroën possam vender ainda os modelos da gama atual, o DS7 Crossback só mesmo na nova rede de pontos específicos DS. Os primeiros vão surgir em Lisboa e Braga já em janeiro, seguindo-se o Porto em fevereiro e Coimbra em março. As lojas de Lisboa, Porto e Coimbra serão DS Stores, ao passo que a de Braga será um DS Saloon. Estão ainda perspetivadas mais três cidades para receberem espaços da DS.

Não há volta a dar. A DS inaugura um novo ciclo e este DS7 Crossback surge munido de muitos argumentos – e fortes – para colocar em sentido os rivais das companhias germânicas, tanto mais que não tem receio em apontar modelos como o Audi Q3, BMW X1 ou o Jaguar E-Pace como rivais a ‘incomodar’. Ou melhor, na linguagem de ambição da DS, para criar um novo caminho sem seguir os que já existem.

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