Texto: João Ouro
Em 2025, a Toyota estará presente nas várias modalidades do desporto automóvel em Portugal, com a chancela da Gazoo Racing. Além do projeto de competição GT4 para circuito (GR Supra GT4, no Campeonato de Portugal de Velocidade e no Iberian Supercars), a marca alinhará em várias provas todo-o-terreno com a Hilux T1+ Evo (Nacional, Europeu e Mundial TT) e ainda no Campeonato Nacional de Ralis, através do GR Yaris Rally 2. Desta forma é alargada a presença no calendário das competições nacionais, num compromisso bastante reforçado e que mantêm as apostas em curso, quer no TT (CPTT), quer na velocidade (GT4).
Novidade, então, para a entrada no Nacional de Ralis de 2025 com o GR Yaris Rally 2, ainda sem dupla de pilotos confirmada, mas com a intenção determinada de aproveitar a própria experiência da Gazoo Racing no Mundial de Ralis (WRC), por exemplo, estando a preparação e a estrutura da equipa nacional a cargo da Sports&You, liderada por José Pedro Fontes.
Numa incursão em pista de terra, no perímetro do autódromo do Algarve, foi possível testemunhar as qualidades do debutante GR Yaris Rally 2, com a mestria do piloto Bruno Magalhães, impacto que, desde logo, é dado pela sonoridade forte do bloco de 3 cilindros em linha, 1618 cc, integrando turbo e restritor de ar (32 mm), com transmissão sequencial de cinco velocidades. Acresce a tração 4WD com diferencial de deslizamento limitado, suspensões MacPherson à frente e atrás e peso mínimo regulamentar de 1230 kg. Depois, depois é vê-lo… voar, ‘drifts’ rápidos e precisos, curvas e ganchos ‘a mil’, numa espécie de corridinho algarvio que se sente, que se escuta e não se esquece, tal é a pressa (e a forma) como o GR Yaris Rally 2 ultrapassa um troço tão duro e tão técnico, a exigir imensa perícia. Uf…, nada mau, nada mau. Que voltinha. Só visto.CORRIDINHO
Na Hilux T1+ Evo, o piloto oficial é João Ramos – embaixador Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal -, contando a nova ‘pick-up’ com motor V6 3.5 biturbo de 400 cv, ligado a transmissão sequencial Sadev de 6 velocidades. Chassis tubular, carroçaria de materiais compósitos, suspensões de braços duplos e pneus BF Goodrich de 37” são outras características essenciais. A largura aumentou 10 centímetros face à última geração (daí a designação Evo) e o peso mínimo, regulamentado pela FIA, é de 2010 kg.
A experiência a bordo, com João Ramos ao volante, é outra… brutalidade, parecida à da do GR Yaris Rally 2 (igual troço no complexo do AIA), mas aumentada, talvez, pelas dimensões da Hilux, pela maior distância ao solo e pela posição elevada a partir do banco do turista ocasional. «Vamos lá», diz João Ramos. O treino parece à séria e o troço é devorado num instante, mesmo que a chuva até tenha aparecido. Nota-se a eficácia da tração e dos travões, assim como a incrível aceleração, sem tempo para que o cérebro processe o que se está a passar. De loucos. Mais curvas, ganchos, derivas e saltos, numa espécie de ‘trial’ muito acelerado. Outro corridinho, ‘baile de roda’, a deixar a cabeça quase zonza, a ficar gravado na alma.
À NOITE
No caso do GR Supra GT4 Evo, carro de competição desenvolvido pela Toyota Motorsport GmbH, baseado no GR Supra, destaque para o bloco de seis cilindros em linha, turbo, 2998 cc, de 430 cv (ou até 450 cv), associado a transmissão automática ZF (modificada) de 7 relações com patilhas sequenciais. Integra evoluído diferencial traseiro, escape Akrapovic, pinças de travão especiais (seis pistões à frente, quatro atrás) e pneus Pirelli. As definições do ABS também foram revistas, assim como o sistema de arrefecimento e a curva de binário, além de mexidas na barra estabilizadora e nos amortecedores KW. O peso total, imagine-se, é de 1370 kg, quase equivalente ao do de um automóvel familiar convencional. Talvez dê para se ter uma ideia!
No autódromo de Portimão, já à noite, ao lado de Pedro Salvador (Speedy Motorsport), experiência vertiginosa na montanha-russa do Algarve, reiterada pela exímia pilotagem em pista (quase à séria, assim pareceu…), e pelo estarrecido espanto perante as travagens – que coisa! -, a par da forte aceleração e da eficácia nas entradas e nas rotações em curva. C’os diabos! Então, isto é assim!? O enorme ‘aileron’ traseiro admite vários ajustes e isso também ajuda na carga aerodinâmica, quer nas curvas rápidas e cegas, tão particulares no traçado algarvio, quer nas mais longas, em apoio. Inesquecível, até porque, pela noite, só as luzes do GR Supra GT4 iluminavam o circuito do AIA. ‘Milhentas vénias’, Pedro Salvador. Já nas boxes, punhos cerrados, braços no ar e vivas, vivas de glória, como se se tivesse ganho uma corrida. Que coisa.