E se um ladrão lhe pedisse ajuda para roubar o seu próprio carro?

19/04/2020

Tribunal de Aveiro está a julgar um homem de 32 anos que roubou um automóvel e que foi apanhado por não saber voltar a ligar o veículo depois de uma paragem. E que decidiu pedir ajuda ao próprio dono da viatura.

A tecnologia dos automóveis atuais favorece, muitas vezes, a atividade dos ladrões que se encontrem mais atualizados em matérias digitais. Mas nem sempre é esse o caso. Por vezes, o conhecimento não tecnológico não é muito e conduz a situações, no mínimo, insólitas como as relatadas pelo Diário de Aveiro. Segundo dá conta este jornal, o Tribunal de Aveiro começou a semana passada a julgar um homem que roubou um automóvel, mas que não estava preparado para lidar com os sistemas do mesmo, e, depois de uma simples paragem, verificou que não conseguia voltar a ligar o motor. O mais caricato foi que o larápio decidiu pedir ajuda ao próprio dono do veículo roubado, esse sim, mais dotado em assuntos tecnológicos, e que, entretanto, seguia a viatura através do GPS do telemóvel.

Como seria de esperar, o roubo não foi um sucesso e o indivíduo, de 32 anos, terá agora de responder pelo seu crime. Mas não só. O assaltante não era um especialista em tecnologia, mas também não demonstrava mais conhecimentos em “bolos”, dado que assaltara uma pastelaria poucas horas depois de ter sido presente a um juiz – e colocado em liberdade – por furto de outro veículo.

Assaltantes digitais

Nem todos os ladrões são ignorantes nesta matéria. Vários estudos comprovam que a tecnologia de acesso e de arranque sem necessidade de aceder à chave joga, em muitos casos, a favor dos ladrões. Trata-se de uma tecnologia com algumas falhas e que facilitam os assaltos.

Tal foi comprovado num estudo recente publicado pela plataforma britânica What Car?, que analisou sete modelos de marcas distintas, procurando saber qual o nível de segurança dos sistemas de acesso modernos. Os resultados são alarmantes, com muitos modelos a serem “invadidos” e sem danos em não mais do que 10 segundos. A explicação é simples. O sistema ‘keyless entry’ recorre a uma chave ou cartão que emite um sinal ou código(s) para um recetor no veículo, que desbloqueia as portas e o imobilizador do motor. Contudo, recorrendo a instrumentos avançados, o mesmo código pode ser captado por dispositivos digitados utilizados por criminosos especializados, replicando-o depois, de forma ilícita, junto do veículo para ganhar acesso ao seu interior.
O problema é real. E os próprios fabricantes têm tentado tornar os sistemas dos seus modelos mais “impenetráveis”. Como? Por exemplo, “adormecendo” os códigos emitidos pela chave assim que detetam alguns segundos de imobilização. Esse sistema de deteção de movimento mantém a chave ativa quando no bolso das calças ou do casaco, mas “adormece-a” quando imobilizada, evitando o aproveitamento dos ladrões.