O anacronismo histórico óbvio reside no facto de a Lotus nunca ter competido na série Can-Am. A Canadian-American Challenge Cup começou em 1966, com um calendário que combinava corridas no Canadá e nos Estados Unidos, e rapidamente se estabeleceu como uma das séries mais visceralmente emocionantes da era mais excitante (e perigosa) do desporto automóvel. A Can-Am corria ao abrigo dos regulamentos do Grupo 7 para o que eram nominalmente automóveis de dois lugares, mas com restrições técnicas mínimas. Rapidamente os modelos Can-Am apresentaram relações peso-potência superiores às dos carros de Fórmula 1 contemporâneos.
A Lola e a McLaren dominaram o início da era Can-Am, mas a Lotus pensou seriamente em criar a sua própria entrada no final da década de 1960. O fundador da Lotus, Colin Chapman, solicitou ao desenhador da Team Lotus, Geoff Ferris, que apresentasse um projeto para um automóvel de corrida do Grupo 7. O projeto nunca foi além de desenhos técnicos e modelos à escala, mas é agora trazido à vida 53 anos com o Type 66.
O novo Type 66 não teria sido possível sem os esboços e desenhos fornecidos por Clive Chapman, filho de Colin e atual diretor-geral da Classic Team Lotus. Aparentemente, muitos deles foram encontrados numa caixa à prova de fogo com 28 rolos de microfilme, alguns dos quais continham imagens do projeto Can-Am datadas de Setembro de 1969.
O novo automóvel tem acabamentos em tons de vermelho, branco e dourado alusivos à época, nas cores com que a equipa de Fórmula 1 competia, graças ao patrocínio pioneiro da Lotus no sector do tabaco. Outras inovações são também partilhadas com os carros de F1 da equipa da época, incluindo a utilização de radiadores montados lateralmente. Na traseira encontra-se uma asa de grande largura, que foi objeto de um trabalho de desenvolvimento significativamente maior do que seria possível no início da década de 1970: a Lotus afirma que foram necessárias mais de 1000 horas de modelação CFD (Computational Fluid Dynamics) para criar o Type 66.
Já a estrutura do novo carro é menos alusiva à sua época original, com elementos em fibra de carbono e contando ainda com painéis da carroçaria em alumínio. A marca afirma igualmente que o novo modelo contará com direcção assistida eléctrica, uma transmissão sequencial com um sistema anti-stall e inclusivamente um sistema ABS.A Lotus confirma que só vai produzir dez exemplares, com cada um a custar “mais de 1 milhão de libras”, ou seja, a superar os 1,17 milhões de euros às taxas actuais.
Fonte: Car and Driver
Fotografias: Michael Simari






