Mário Patrão regressa do Dakar 2024 com mais uma vitória e histórias para contar

30/01/2024

O regresso do piloto português, à prova de resistência em todo-o-terreno mais dura do mundo não podia ter corrido melhor, depois da proeza de conseguir trazer da Arábia Saudita mais uma vitória na categoria Veteran Trophy pelo terceiro ano consecutivo.

 

Mário Patrão é perentório ao afirmar que nada disto seria possível sem ter o banco Crédito Agrícola como seu patrocinador principal, contudo, a 11ª participação do piloto luso no Rali Dakar teve algumas novidades. A mais importante terá sido mesmo o facto de ter corrido com uma moto nova.

A proposta irrecusável partiu da própria Honda, que desafiou o piloto natural de Seia a participar com uma Honda CRF450 RS2 Rally – a sua KTM 450 Rally já tinha feito dois Rali Dakar, e apesar de ter levado um motor novo, todos os outros componentes foram sujeitos a um desgaste muito elevado ­– o único problema foi que Mário Patrão não pôde testar a nova moto antes de iniciar o rali.

Mário conta como tudo aconteceu em tão pouco tempo: “A Honda contactou-nos no final de novembro para saber se queríamos integrar o projeto que tinham para este ano. Quisemos perceber o objetivo e que mota seria. Fomos convidados para a ir testar em Itália em meados de dezembro, mas acabou por não ser possível. O que custou mais foi ir para o Dakar sem conhecer a moto. No prólogo e na primeira etapa senti muita dificuldade, mas depois foi tudo acontecendo naturalmente, fui-me habituando. A moto é baseada numa CRF de enduro, por isso é mais curta, o que eu prefiro para o terreno mais técnico, especialmente com muita pedra”. O piloto explicou ainda a dificuldade que teve com a caixa de velocidades por causa das primeiras relações serem muito curtas: “Nunca utilizei a primeira mudança, nas dunas tive de escolher muito bem a relação certa e a velocidade para subir de uma só vez”.

 

Outra novidade foi a etapa maratona de 48 horas, uma “empreitada” de 630 km que Mário Patrão descreve como: “Bem organizada, mas só com dunas e muito desgastante, o que implicou uma gestão muito precisa do tempo. Depois desta etapa a moto só precisou de levar uma culassa e pistão novos”. A assistência durante a prova, associada à proposta da Honda, foi outra novidade e um descanso que o piloto não teve na edição do ano passado em que competiu na categoria Malle Moto em que o concorrente está sozinho, sem ajuda.

A 5ª edição do Rali Dakar disputada na Arábia Saudita teve 4.727 km cronometrados de um total de 7.881 quilómetros distribuídos por 12 etapas, 11 delas ganhas por Mário Patrão, que faz um balanço muito positivo da sua participação na prova, apesar das duas quedas inesperadas, mas que felizmente não tiveram consequências graves.

Questionado sobre a sua supremacia em relação aos outros 27 pilotos a competir na mesma categoria – terminou com uma vantagem de 6 horas para o segundo classificado –, Mário Patrão explica: “A maioria terá começado a competir ainda antes dos 10 anos de idade. Eu como só comecei aos 18 anos devo estar menos cansado…”

Com pena nossa, não pudemos ver a Honda CRF450 RS2 Rally, que no fim do Dakar foi diretamente para o Japão para ser desmontada e analisada. “Sendo esta moto um protótipo, julgo que a ideia da Honda será torná-la numa versão cliente, para venda, ou aluguer a equipas, já lhes dei muito feedback sobre o que pode ser corrigido”. termina o piloto português.