Chris e Julie Ramsey levaram o Nissan Ariya aos limites durante os 10 meses que durou a viagem entre o Polo Norte magnético 1863 e o Polo Sul. Dos 39 graus negativos do Ártico até aos 49 positivos no Arizona, o carro tudo aguentou.
Nos 138 anos de história automóvel, esta foi a primeira vez que um carro completou uma viagem entre os dois polos.
“Levámos o automóvel aos extremos, tanto no Ártico como na Antártida, mas principalmente no Ártico, onde tivemos temperaturas de -39 graus durante vários dias. O meu principal medo era a eletrónica, porque se falhasse não tínhamos como a reparar. Mas nada aconteceu” conta Julie Ramsey ao Motor 24.
O casal esteve no Salão do Automóvel Híbrido e Elétrico a mostrar o carro da expedição este fim-de-semana.Chris e Julie não são novatos em expedições com veículos elétricos. Em 2017, levaram o seu Nissan Leaf de 30 kWh a percorrer os 10.000 quilómetros entre Londres e a Mongólia.
Foi esta viagem em que o único problema foi um furo que os levou a pensar num desafio maior. A viagem Polo a Polo começou a ser preparada com 7 anos de antecedência.
Quando pela primeira vez propuseram a ideia à Nissan, a marca ainda não tinha um automóvel à altura do desafio. Mas depois o Nissan Ariya foi lançado e, “num par de semanas” tinham o ok da marca nipónica.
“Confiarem-nos o EV foi um enorme risco que correram. O seu lema é ‘ousar o que os outros não tentaram’ e acho que fizeram jus, porque nem todos os construtores teriam a confiança para o fazer”, sublinha Chris Ramsey.
O carro aguentou estoicamente as provações de alguns dos lugares mais inóspitos do planeta. “No Ártico passámos por uma neve profunda e espessa e, por baixo da neve, estava escondida uma rocha. Quando batemos na rocha, cortámos a direção do carro. A equipa de suporte reparou a peça e partimos novamente”, conta Chris Ramsey. “Fico muito contente por todas as peças sobresselentes que levámos para o Ártico e Antártida terem voltado connosco e nunca terem sido utilizadas”. “A Nissan fabrica carros fortes”, resume Julie.
Nos polos, o casal levou consigo o protótipo de uma turbina eólica de 5 kW, painéis solares e também um gerador de 7 kW. Este “sistema integrado” permitiu-lhes percorrer os polos gelados.
Quando chegaram ao Canadá, disseram adeus à equipa de apoio e a todo o material que lhes tinha permitido ultrapassar o Ártico. Juli e Chris arrancaram rumo a sul pelas américas. “Deixámos tudo. Fomos só eu, o Chris e o carro”, diz Julie.
O casal atravessou as américas confiando na rede pública de carregamento e na sua própria criatividade. “aprendemos a confiar na amabilidade de estranhos para carregar. Hotéis, bombas de gasolina, oficinas, concessionários da Nissan… onde houvesse um edifício com a tomada certa, parávamos e carregávamos o carro”.
“Ficámos lá 7 horas enquanto o carro carregava, a conversar, a contar histórias, a comer e a rir muito”, recorda.
É por isso que afirma que “os veículos elétricos dão outra dimensão às viagens, uma nova experiência. Se gostas de pessoas, os Evs possibilitam-te experiências que não terias num carro a gasolina, em que abasteces numa estação de serviço e segues viagem”.
Chris e Julie já sonham com a próxima aventura, mas os planos mais imediatos são escrever um livro para contar a sua aventura, que os tornou nos primeiros a ligar o Polo Norte ao Polo Sul num automóvel 100% elétrico.