No tempo dos Dodge

03/01/2024

Meu avô paterno e meu pai gostavam muito de carros americanos nos anos 1940/1950. Ford e Chrysler, principalmente. A família chegou a ter um Dodge (marca da constelação Chrysler) modelo Kingsway. O Kingsway era a versão para exportação do Dodge Coronet, comercializado nos Estados Unidos.

No Brasil, a Chrysler produziu nos anos 1970 os fantásticos Dodge Dart, Charger R/T, Le Baron e Magnum. O Choque do Petróleo, em 1973, abalou o mercado da Chrysler brasileira, que só fabricava carros beberrões. Houve ainda duas derradeiras tentativas de sobrevivência: a primeira, com um modelo menor, o Dodge 1800/Polara, e, bem mais tarde, com a picape Dakota, mas não deram certo. A Chrysler deixou definitivamente o Brasil. Veículos mais modernos da montadora (hoje dentro do conglomerado Stellantis) só voltariam ao país, importados, a partir dos anos 1990. Mas jamais fizeram o mesmo sucesso dos modelos antigos fabricados no Brasil.

Dos anos 1980, ainda sob os efeitos da crise do petróleo, lembro de uma história familiar que me marcou. Eu vivia em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, estado mais meridional do Brasil, e viajava muito a trabalho na altura. Por isso, pedi ao meu pai que comprasse um carro usado barato para mim na cidade do interior onde a família residia. Todo feliz, ele me comprou um Carocha 1.300 branco.

Só algum tempo depois o velho Irineu me contou que, pelo mesmo preço, poderia ter comprado um Dodge Magnum automático vermelho (o modelo mais bonito e luxuoso da linha Chrysler no Brasil, então terrivelmente depreciado por causa do alto consumo de combustível). Quase tive um infarto quando soube. Perguntei: Por que não comprou o Magnum, pai? Eu sempre adorei este carro! Desapontado, ele me respondeu: Ora, porque tinha câmbio automático e bebia muito. Câmbio automático é para velhos…

Hoje, um Dodge Magnum em perfeito estado vale o equivalente a cerca de 30 mil euros no Brasil.

07
08
01
02
03
04
05

06