Esta exibição que durou entre 25 de Maio e 25 de Novembro de 1937 contou com a presença de 45 países e mais de 31 milhões de visitantes e, se por um lado focava a arte e a tecnologia como a designação oficial denuncia, as questões políticas e coloniais tiveram muito protagonismo com a afirmação desses vários estados totalitários e da sua propaganda como Alemanha, Itália ou Portugal e também, como seria de esperar, da gigante União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Como nota histórica refira-se ainda a presença de Espanha, que apesar de estar a decorrer a Guerra Civil (1936-1939), que opunha a Segunda República às forças do General Franco, marcou presença e no seu pavilhão expôs a monumental obra de Picasso, Guernica, que denunciava os horrores do conflito.

Neste ambiente de “paz podre” a exposição decorreu ao longo daqueles seis meses nas margens do Sena e para chegar ao local e circular no seu interior foram postos à disposição dos visitantes os mais diversos meios de transporte, entre eles um conjunto de Renault Celtaquatre feitos especificamente para o evento.

Com o desenvolvimento cada vez mais acelerado dos motores de combustão a mobilidade eléctrica não era encarada pelos principais construtores como uma solução. Quando foi aberto o concurso para o fornecimento de veículos para o interior da exposição Louis Renault defendeu a utilização de mecânicas convencionais, não vendo viabilidade nem rentabilidade numa solução eléctrica. Já Louis Verney da SCF (Société Centrale de Chemins de Fers et d’Entreprises) não era da mesma opinião e apresentou uma linha de táxis e comboios turísticos para o recinto movidos a electricidade que foi a ganhadora do concurso.
De forma a reduzir custos e economizar tempo de produção Verney adquire à Renault trinta e cinco chassis do modelo Celtaquatre para a produção da frota de táxis da exposição. Em relação ao modelo de série estes táxis partilham apenas o chassis e a frente característica dos Celtaquatre, tudo o resto difere da produção da marca do losango.


A carroçaria aberta e sem portas, que como já foi referido, partilhava a frente com os Celtaquatre de produção, era de resto realizada em madeira e revestida a Isorel, um material derivado de madeira muito similar ao platex.
Estes táxis transportaram ao longo da exposição milhares de utilizadores, entre eles muitos famosos, como o Duque de Windsor, Eduardo VIII, e a sua esposa Wallis Simpson e valeram a Verney um diploma Grand Prix por parte da organização da exposição. Infelizmente o paradeiro dos Celtaquatre Eléctrique é desconhecido, tendo possivelmente sido na sua maior parte desmantelados após a exposição e vítimas de abandono ou destruição anos mais tarde durante a segunda Grande Guerra.

Duque de Windsor e Wallis Simpson num Celtaquatre
