Os Automóveis e as Exposições Universais: O Ferrari Modulo na Expo’70 em Osaka

13/09/2023

A Exposição Universal de Osaka de 1970 foi a primeira tutelada pelo BIE realizada em solo asiático. O evento foi utilizado pelo Japão como montra para o mundo da modernidade, do poderio tecnológico e prosperidade da nação. Esta exposição contou com a presença de 77 países e de um grande número de empresas japonesas e multinacionais, tendo um impressionante número de mais de 64 milhões de visitas, valor apenas batido em 2010 na Expo Shangai (que superou os 73 milhões de visitas).

Estes números deixam imaginar o impacto que esta exposição teve na sua época e, temos também que ter em conta, que foi a última antes de um interregno de 22 anos na história das exposições universais, sendo a realização deste tipo de eventos retomada na Expo’92 de Sevilha. Não quer dizer que a actividade do Bureau Internationale des Expositions tenha ficado suspensa entre estas duas datas, mas tanto este organismo, como os países integrantes, focaram-se na realização de eventos de menor escala ou especializados durante o período 1970-1992.

A presença italiana na Expo’70 estava organizada em dois pavilhões, um mais focado na representação nacional a nível político, cultural e turístico e outro inteiramente dedicado à indústria italiana. O pavilhão da Indústria era um inovador edifício projectado por Renzo Piano, construído em poliéster içado por cabos de aço. Foi nesse espaço que esteve presente o Ferrari Modulo, executado pela Carrozzeria Pininfarina sobre a base mecânica de um Ferrari 512S de competição (Chassis #27).

Este protótipo único chega a Osaka depois de ter sido apresentado em Março daquele ano no Salão de Genebra. O concept desenhado por Paolo Martin em 1968 foi originalmente pintado, segundo a Pininfarina, num azul pérola claro, mas determinadas fontes e imagens mostram o Modulo pintado de negro aquando do seu lançamentio. Paolo Martin mais tarde esclareceu que na fase de concepção do veículo deu indicação que este seria branco, mas na altura da pintura houve um engano e este acabou pintado de negro, não havendo tempo para corrigir, partiu para Genebra nessa cor. Quando chegou a Osaka o Modulo já se encontrava com a cor pela qual é mais conhecido, o branco pérola com a sua bem definida linha vermelha que circunda o modelo.

No plano do Design o 512 Modulo destaca-se pela sua agressiva forma em cunha, com rodas cobertas e as secções inferior e superior bem definidas pela baixa linha de cintura destacada a vermelho, que separa as duas metades da carroçaria deste protótipo. A abertura para o acesso ao habitáculo é feita de uma forma muito pouco convencional, toda a secção que cobre os lugares do condutor e passageiro corre para a frente do veículo deixando a área acessível à entrada e saída dos ocupantes. Já o acesso à mecânica é executado à boa maneira dos automóveis de motor central traseiro com um capot de abertura vertical.

No interior Paolo Martin e a sua equipa tiveram como principal motivo as formas arredondadas que acentuam elementos cilíndricos como a área do volante e as extremidades dos assentos, ou esféricos como as zonas de ventilação e comandos do habitáculo colocados ao lado de cada ocupante.

Este marcante veículo, como já foi referido, “herdou” a mecânica de um Ferrari de competição, logo os valores apresentados eram assombrosos para a época, a motorização de 5000cc de doze cilindros dispostos em V debita cerca de 550cv, o que permitia alegadamente mover os 900 kg de peso com valores de cerca de 3 segundos dos 0-100 km/h e atingir velocidades superiores aos 350 KM/h.

O 512S Modulo teve uma longa carreira no circuito das exposições automóveis um pouco por todo o mundo e também fez parte de mostras temporárias em museus de arte, como por exemplo o Louvre de Paris. Como ícone de design que é, este veículo obteve mais de vinte prémios de design.

Actualmente o Modulo é pertença de Jim Glickenhaus, que adquiriu este importante veículo à Pininfarina, tendo efectuado um restauro e procedido a pequenas alterações de forma a poder homologá-lo e circular na via pública.

Contrariamente a muitos dos veículos que já aqui abordamos, o 512S Modulo permanece na imaginação de muitos aficionados do mundo automóvel, muito devido ao exotismo da proposta e à excelência da sua base mecânica e design. Felizmente pode ainda ser apreciado tanto pelo seu proprietário, como pelos visitantes dos eventos onde participa, perpetuando assim o estatuto de ícone que granjeou desde o seu lançamento.

Fontes: Pininfarina, Ruoteclassiche, Carstyling.ru e Fondazione Renzo Piano.

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