Os falsos truques para fugir aos radares

19/02/2022

Fórmulas que usam as Leis da Física para tornar o seu carro invisível aos radares, aplicações para smartphone apoiadas por Inteligência Artificial, adesivos e até um CD no retrovisor, truques para enganar os radares não faltam. São mitos e esquemas ilegais, que resultam em multas…

As autoridades portuguesas anunciam cada vez mais radares nas artérias movimentadas das cidades e vigilância apertada com dispositivos móveis onde os automobilistas são apanhados desprevenidos, e com multas cada vez mais pesadas para os aceleras. Haverá, então, para quem conduz todos os dias na urbe, uma solução milagrosa para que não acabar com os pontos da carta (e a conta bancária…) a zeros? A Internet diz que sim, mas é falso.

O único método 100% eficaz é a redução voluntária da velocidade. Todas as fórmulas alternativas para burlar os controlos por parte das autoridades são ilegais ou ficção.

O que vamos listar abaixo são alguns dos truques mais populares na Internet e quais as razões para os evitar.

1.Um CD que ‘cega’ o radar

O truque do CD no retrovisor para ‘cegar’ os radares é dos mais antigos, assente na teoria de que o brilho emitido pelo CD ao captar o flash do cinemómetro inutilizaria a fotografia. Falso: nenhuma das tentativas de ofuscamento é eficaz contra dispositivos modernos para o controlo de velocidade, se é que alguma vez foram…

2.Levanto o pé no radar

O esquema de radares em cascata é usado para ‘caçar’ automobilistas que tentam escapar ao controlo de velocidade, levantando o pé do acelerador, com o único objetivo de passarem invisíveis ao sistema de deteção de trânsito, e voltando a acelerar quando se encontram fora do alcance do aparelho de controlo. O sistema é muito simples e passa pela colocação de um ou mais radares móveis, uns metros à frente, já fora da área de ação do radar fixo.

3.Os radares têm de estar sinalizados

Errado! As forças de segurança prestam, através da comunicação social e por outros meios, informação regular sobre a utilização de meios de vigilância eletrónica em operações de controlo de tráfego, mas não há qualquer obrigação de sinalizar a existência de um radar móvel no local, podendo até os mesmos estarem muito bem disfarçados.

4.Dois carros na foto, zero multas

Há uma teoria que diz que quando carro em excesso de velocidade é apanhado no radar com outros veículos na via, o sistema não consegue descortinar qual das viaturas circulava acima do limite legal. Errado: Os novos radares têm capacidade para medir, em simultâneo, a velocidade de vários veículos, mesmo quando estes circulam lado a lado.

5.Números invisíveis

Desde pulverizar a placa de identificação do carro com spray de cabelo, a colocar adesivos com efeito retrorrefletor que prejudicam o correto funcionamento de radares que usam infravermelhos, passando pela opção mais simplista de dobrar levemente a matrícula para que alguns dos seus números ou letras não possam ser lidos. Encontramos de tudo um pouco na Internet:

Contudo, a única certeza para quem utiliza este tipo de truques para fugir aos radares é que está sujeito a contraordenação punível com coima entre os 120 euros e os 600 euros. O proprietário de um veículo que apresenta chapa identificadora fora da norma também está sujeito à não aprovação da viatura numa inspeção periódica obrigatória, conforme o Anexo II do artigo 5º do Decreto-Lei nº 144/2012.

Ou pior: A chapa de matrícula aposta num veículo a motor é, para efeitos penais, um documento com igual força à de um documento autêntico, pelo que a sua alteração dolosa consubstancia a prática de crime de falsificação ou contrafação de documento, previsto no Código Penal, com pena até três anos de prisão.

É o que acontece, por exemplo, com quem arrisca esta solução inspirada nos filmes de James Bond, que cobre a matrícula do veículo pelo simples toque de um botão na consola central ou num comando que faz o sistema funcionar remotamente.

6.O radar está do outro lado da estrada

Os radares de velocidade modernos têm a capacidade de fiscalizar a velocidade dos veículos, tanto num sentido, como noutro, isto é, tanto no sentido de afastamento, como no sentido de aproximação. O que determina o sentido em que é feita a fiscalização é a sua programação: podem estar programados para disparar em ambos os sentidos.

7.Os radares não funcionam de noite

Se ainda acredita neste mito, parabéns: não tem claramente o hábito de conduzir em excesso de velocidade. Caso contrário já teria sido surpreendido, uma vez que os radares incorporam flash e estão concebidos para funcionar a qualquer hora do dia, faça sol, chuva ou neve.

8.Inibidores de radares

Na realidade, esta é das únicas soluções que resultam para fugir uma multa de velocidade nos radares, mas não evita um número maior de complicações. Até porque as autoridades também já estão equipadas com detetores de… detetores de radares! Estes dispositivos nos carros da PSP ou da GNR conseguem permitem captar qualquer tipo sinal ativo num veículo em circulação, configurando motivo para a abordagem e respetiva ação legal. De acordo com o Código da Estrada “A instalação e utilização de quaisquer aparelhos, dispositivos ou produtos suscetíveis de revelar a presença ou perturbar o funcionamento de aparelhos destinados à deteção ou registo das infrações, é sancionado nos termos do código da estrada com uma coima de 500 a 2500 euros e com a perda dos objetos” e implica a perda de até seis pontos na carta de condução.

9.O meu carro avisa dos radares

Os avisadores de radares de velocidade são cada vez mais frequentes nos automóveis atuais, mas trata-se de uma funcionalidade que apenas utiliza uma base de dados existente, com as localizações conhecidas dos controlos de velocidade. Ou seja, não detetam nada que não esteja já assinalado, limitando-se a servir como alerta, complementando a sinalização na via.

Ao contrário, os detetores de radares de velocidade (ilegais) detetam os sinais ou ondas de rádio que são emitidas pelos radares de velocidade, denunciando a sua presença.

10.Mais rápido do que os radares

Tendo em conta que os dispositivos de controlo de velocidade das autoridades em Portugal são capazes de capturar veículos que circulam a 320 km/h, passar pela zona de ação do radar ainda mais rápido será impossível para a esmagadora maioria dos carros e motos nas nossas estradas, para além de criminoso e totalmente imprudente.