Pequim diz aos fabricantes não investirem em países que apoiam taxas aos seus elétricos

01/11/2024

O governo de Pequim quer que os fabricantes de automóveis chineses suspendam os grandes investimentos programados para os países europeus que apoiaram a imposição de tarifas adicionais sobre os veículos elétricos provenientes da China.

 

Os construtores chineses foram informados que deveriam suspender planos de novas fábricas no decorrer de uma reunião que se realizou a 10 de outubro no Ministério do Comércio, de acordo com fontes citadas pela Reuters.

Vários fabricantes estrangeiros de automóveis também estiveram presentes na reunião, onde os participantes foram aconselhados a serem prudentes quanto aos seus investimentos nos países que se abstiveram de votar e foram “encorajados” a investir naqueles que votaram contra as tarifas, disseram as fontes que não quiseram ser identificadas.

Este é o primeiro passo da resposta chinesa às novas tarifas aos automóveis elétricos fabricados na China, que entraram quarta-feira em vigor e que podem chegar aos 45,3% do valor dos automóveis.

As orientações de Pequim visam os 10 países que apoiaram os tarifas extra, entre os quais a França, Itália ou Polónia. Tanto a França como a Itália estão em negociações para receber fábricas de fabricantes chineses e poderão ver agora as suas pretensões cair por terra.

Na reunião de 10 de outubro, foi também dito aos fabricantes de automóveis que deveriam evitar discussões separadas sobre investimentos com os governos europeus e, em vez disso, trabalhar em conjunto para manter conversações coletivas, disseram as fontes à Reuters.

A decisão das autoridades chinesas de suspender alguns investimentos na Europa sugere que Pequim está a tentar obter uma vantagem nas conversações com a União Europeia sobre uma alternativa às tarifas, com o objetivo de evitar uma queda acentuada nas exportações para o principal mercado de exportação dos automóveis elétricos chineses.

A Europa representou mais de 40% dos veículos elétricos exportados pela China em 2023, de acordo com os cálculos da Reuters, utilizando dados da Associação de Automóveis de Passageiros da China.

Depois de tanto os Estados Unidos como o Canadá terem aplicado tarifas de 100% sobre os automóveis elétricos fabricados na China, uma queda nas exportações de EV para a Europa arriscaria aprofundar o excesso de capacidade que os fabricantes de automóveis chineses enfrentam no seu mercado interno.