Porsche acelerou em 2019 e não pensa travar (a fundo) este ano com o coronavírus

20/03/2020

Oliver Blume, presidente do Conselho Executivo da Porsche AG
Com 280.800 modelos vendidos, em 2019, a Porsche registou um aumento de 10% face a 2018. Um recorde ensombrado pelo coronavírus que obrigará a encerrar fábricas, mas não a travar a fundo, segundo deixou patente Oliver Blume, presidente do Conselho Executivo da Porsche AG, na conferência anual da marca, realizada, esta manhã, em live streaming.

Em 2019, a Porsche AG acelerou a fundo e aumentou em 10% as suas vendas totais face ao ano anterior. Um exercício financeiro recordista que corresponde a 280.800 modelos comercializados e a uma receita de vendas e 28,5 mil milhões de euros, traduzidos numa subida de 11%. Um ano em que a força de trabalho cresceu também 10% – 35.429 funcionários ao serviço do emblema da Porsche.

Perante um ano “eletrizante, inovador, sustentável e bem-sucedido”, segundo palavras de Oliver Blume, presidente do Conselho Executivo da Porsche AG, seria de encarar 2020 com forte otimismo. Mas o coronavírus obrigou a refrear os ânimos. E redefinir a estratégia. A começar pela conferência anual, que, pela primeira vez, foi transmitida em live streaming, hoje de manhã, como medida de prevenção dos jornalistas e dos responsáveis da marca.
Oliver Blume não escondeu o momento que o mundo atravessa e as implicações da suspensão das fábricas de Zuffenhausen e Leipzig, no próximo sábado, 21 de março, por um período mínimo de duas semanas. “Só juntos poderemos sair deste momento difícil. Os nossos trabalhadores e as suas famílias vêm primeiro”, sublinhou.

Balanço recordista
Oliver Blume realçou o facto de, em 2019, a marca ter lançado mais modelos desportivos do que nunca na sua história. Num ano marcado pela aposta, em força, na eletrificação, com o Taycan, o responsável realçou que a marca não perdeu a sua essência. “Como pioneira em mobilidade sustentável, a Porsche implementou medidas importantes nos últimos anos. 2019, viu a introdução de muitos novos produtos emotivos. Entre outros, lançámos o Taycan, o nosso primeiro modelo 100% elétrico. Graças à nossa atraente gama de produtos, composta por modelos eficientes movidos a gasolina, híbridos plug-in de alto desempenho, e agora também com automóveis desportivos puramente elétricos, as nossas vendas aumentaram novamente no ano financeiro de 2019. No entanto, o sucesso do ano passado é muito mais do que apenas momentâneo”, disse. “O nosso grande objetivo é o crescimento na criação de valor. Aumentámos o nosso resultado em mais de 60% nos últimos cinco anos. E isso permite-nos criar os pré-requisitos para atender plenamente às nossas responsabilidades empresariais”. Luz Meschke, vice-presidente do conselho executivo e membro do conselho executivo das Finanças da marca, por sua vez, explicou que os recordes alcançados o ano passado se devem, “principalmente, ao forte aumento de volumes, bem como ao desenvolvimento positivo de outros campos e divisões de negócios”. Paralelamente, acrescentou, “custos fixos mais altos, causados pelo nosso crescimento, investimentos significativos em eletrificação e digitalização e efeitos cambiais, tiveram um impacto negativo no resultado. Ainda assim, superámos, uma vez mais, as nossas metas estratégicas, com um retorno das vendas de 15,4% antes de itens especiais e um retorno do investimento de 21,2%”, frisou Luz Meschke.

Luz Meschke, vice-presidente do conselho executivo e membro do conselho executivo das Finanças da Porsche

1 milhão de euros em digitalização
Segundo o investimento na eletrificação da marca, com o Taycan, criou 2.000 novos empregos na Porsche, em 2019, tendo sido lançada uma abrangente campanha de qualificação dos recursos humanos.

Até 2024, a Porsche investirá 10 mil milhões de euros em três áreas: hibridização, eletrificação e digitalização. Só neste último iten, a marca pretende investir 1 milhão de euros nos próximos quatro anos. Luz Meschke acredita que, para garantir que a “Porsche se manterá Porsche” é preciso adaptar-se aos novos tempos e respeitar a transformação. “É uma grande oportunidade”, afirmou.
O próximo modelo a ser lançado pela marca será o Taycan, o Cross Turismo. Mas haverá mais novidades. A nova geração do Macan SUV compacto terá uma versão elétrica. E prevê-se que, até meados desta década, metade de toda a gama de produtos seja 100% elétricos ou híbridos plug-in. “Já tínhamos recebido cerca de 30.000 consultas de compra sérias para o Taycan antes de nossa estreia mundial em setembro”, revelou Blume. “Mais de 15.000 clientes já assinaram seu contrato de compra. Estamos confiantes de que também seremos capazes de gerar uma alta procura, em 2020, como resultado da atratividade do Taycan e de nossos derivados 911, 718 e Cayenne”, disse.

Ameaça do covid-19
O covid-19 voltou a assombrar a conferência já no final. “Nos próximos meses, enfrentaremos um ambiente económico e politicamente desafiador, principalmente, à luz das incertezas relacionadas ao coronavírus”, reconheceu Luz Meschke. Mas deixou uma mensagem positiva. “Ninguém estava a contar com este choque. Não se pensava possível. E ainda não conseguimos calcular as consequências, mas o abrandamento da economia e da produção é certo. “Teremos de ser fortes quando passar”. Ainda assim, “com medidas que aumentarão a eficiência e o desenvolvimento de novos campos de negócios lucrativos, pretendemos continuar a cumprir a nossa meta estratégica com um retorno de vendas de 15%”, afirmou.