Quatro maiores da EU subsidiam carros de empresas movidos a combustíveis fósseis em 42 mil milhões de euros.

22/10/2024

Os quatro maiores países europeus gastam 42 mil milhões de euros por ano para subsidiar carros de empresas movidos a combustíveis fósseis.

 

Os automóveis das empresas representam cerca de 60% das vendas de automóveis novos na Europa.

A conclusão é de um estudo encomendado pelo grupo ambientalista Transport & Environment (T&E), que se baseia nos números para pedir mais subsídios para os veículos elétricos.

De acordo com o estudo realizado pela consultora Environmental Resources Management (ERM) e agora publicado, a Itália é o país que mais subsidia os carros de empresas movidos a combustíveis fósseis, com um total de 16.000 milhões de euros.

Segue-se a Alemanha, que atribui 13,7 mil milhões e euros, e a França e Polónia, com 6,4 mil milhões de euros e 6,1 mil milhões de euros anuais, respetivamente.

No Reino Unido e em Espanha as vantagens fiscais para os veículos poluentes são muito inferiores, de acordo com o estudo.

O Reino Unido impõe uma forte penalização aos veículos de empresa a gasolina e a gasóleo através de uma elevada taxa de prestações em espécie, enquanto os condutores de veículos de empresa elétricos pagam impostos baixos.

Esta política contribuiu para aumentar a utilização de veículos elétricos de empresa, que está atualmente na ordem dos 21,5%.

Já em Espanha, os benefícios fiscais para os veículos das empresas são semelhantes aos dos veículos particulares, principalmente devido a uma taxa de benefícios em espécie relativamente elevada. Mas como a Espanha oferece incentivos mínimos para que as empresas optem por automóveis elétricos, a utilização de VEs empresariais é baixa (3,7%), explica a T&E.

O estudo da ERM, encomendado pela T&E, calcula os efeitos dos quatro benefícios fiscais tradicionalmente concedidos aos veículos das empresas: prestações em espécie, amortizações, deduções do IVA e cartões de combustível. Trata-se de subsídios de que não beneficiam os proprietários de automóveis particulares

As empresas oferecem carros como regalias aos funcionários, muitas vezes com subsídios significativos de benefícios em espécie, incluindo a compensação de impostos sobre o consumo e benefícios de utilização de combustível.

Segundo o estudo, cerca de 15 mil milhões de euros nos quatro países destinam-se a subsidiar os SUV. Os condutores de carros da empresa recebem um benefício fiscal médio anual de 6.800 euros, que pode ir até aos 21.600 euros para os modelos maiores e mais poluentes.

Stef Cornelis, diretor do programa de frotas eléctricas da T&E, afirma que “os contribuintes estão a pagar milhares de milhões todos os anos em benefícios fiscais para que os condutores de automóveis de empresas possam conduzir automóveis a gasolina poluentes. Muitos dos quais são SUVs caros, topo de gama e altamente poluentes. Trata-se de uma má política climática e socialmente injusta”.

“Os governos do Reino Unido e da Bélgica introduziram medidas fiscais ecológicas e estão a eliminar gradualmente os benefícios para os veículos poluentes. Mas os governos dos maiores mercados automóveis da Europa não estão a conseguir resolver este absurdo. É por isso que a Comissão Europeia tem de tomar medidas”, clama Stef Cornelis,

Os automóveis elétricos continuam a ser mais caros do que os modelos equivalentes a combustíveis fósseis e, por isso, estão fora do alcance de muitos consumidores.

De acordo com a associação europeia dos construtores automóveis (ACEA). as vendas de automóveis totalmente elétricos caíram 43,9% na União Europeia em agosto, com os maiores mercados de EV, a Alemanha e a França, a registarem quedas de 68,8% e 33,1%, respetivamente.

O estudo da ERM concluiu que apenas no Reino Unido, antigo membro da EU, existem incentivos financeiros para que os condutores de automóveis de empresas mudem para veículos elétricos.

Em Portugal, o incentivo à compra de automóveis de zero emissões recentemente aprovado pelo governo apenas se destina a clientes particulares.

De acordo com a Reuters, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse ao novo responsável pelo clima da União Europeia, Wopke Hoekstra, numa carta datada de 17 de setembro, que uma das prioridades de Hoekstra será propor a eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis.