O comércio eletrónico e as entregas ao domicílio saíram reforçadas com a pandemia. Mas como conjugar este apetite crescente dos consumidores, que exerce uma maior pressão na atividade dos transportes pela necessidade de entrega das encomendas, com a redução da pegada ecológica?
Será uma competição em que nenhum destes vetores poderá ganhar em simultâneo?
Pedro Vasconcelos é o CEO da start-up Batch, uma empresa portuguesa de delivery que aposta em entregas rápidas ecológicas.
“A Batch tem consciência absoluta dessa necessidade e dessa obrigação — quer para com o Planeta quer para com o consumidor — e, como tal, pretende ser até ao fim do ano a empresa que assegura as entregas rápidas mais ecológicas do país”, aponta o responsável da empresa ao Welectric.
“A partir do fim do ano/inícios de 2024, iremos lançar a opção de entregas Eco — com transportes mais sustentáveis —, sendo que o consumidor no final é informado, através de uma mensagem, sobre quanto CO2 ajudou a economizar com a sua escolha”, refere Pedro Vasconcelos.
De acordo com o CEO, a Batch conta com cerca de 100 veículos — bicicletas, trotinetas, motos e carros — em todo o país para assegurar as suas operações: “Atualmente, grande parte da frota — carros e motos — já é elétrica e, no final do ano, será praticamente toda eletrificada”, garante o responsável.
“A ELETRIFICAÇÃO DAS FROTAS ASSOCIADAS À LOGÍSTICA JÁ NÃO É UMA OPÇÃO. É UMA NECESSIDADE”
Sobre os critérios que a Batch utiliza para selecionar os meios de transporte para as entregas, levando em consideração a sustentabilidade, Pedro Vasconcelos declara que “tudo o que fazemos na Batch é medido ao milímetro para termos a certeza de que as nossas opções são as mais eficazes a todos os níveis. Por isso, neste momento, estamos em fase de testes, no sentido de perceber na prática quais os meios que nos asseguram mais rapidez e sustentabilidade ambiental, tendo sempre em conta o volume da encomenda e o local de entrega. Vou dar um exemplo concreto: numa hora de ponta, uma bicicleta pode ser uma solução muito mais interessante, rentável e eficiente do que uma moto”.

Este responsável aponta números, para termos uma ideia real da situação: “Neste momento, há metas ambientais da União Europeia (UE) para serem cumpridas: até 2030 é obrigatório reduzir 55% da emissão dos gases de efeito de estufa, e até 2050 temos de atingir a neutralidade carbónica. De acordo com o relatório da Agência Europeia do Ambiente, em 2019 (os anos de pandemia não são considerados para análise) os transportes foram, na UE, responsáveis por cerca de ¼ das emissões de dióxido de carbono, sendo que 72% são provenientes dos transportes rodoviários”.
Portanto, sublinha Pedro Vasconcelos, “se o setor dos transportes é um dos mais poluentes e se o CO2 é um dos principais causadores do efeito de estufa e do aquecimento global, então, o futuro da mobilidade — na qual se inclui a mobilidade aplicada à logística — passa, inevitavelmente, por opções alternativas à combustão, nomeadamente as elétricas”.
Sustentabilidade para além dos transportes
O responsável da Batch refere ainda que a empresa está também empenhada na sustentabilidade da sua operação, para lá da questão do transporte propriamente dito.
De acordo com o estudo E-Commerce & Last-Mile 2023 em Portugal, lançado pela Deloitte em maio passado, o consumidor 2.0. está cada vez mais exigente a nível ambiental.