Só algumas portagens vão ter preços reduzidos em 2024. Porquê?

30/09/2023

O Governo aprovou a redução dos valores de portagens em até 30% a partir de janeiro de 2024. Mas a medida não abrange todas as autoestradas por igual.

De acordo com o anúncio desta quinta-feira, pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, vamos ter uma redução face aos preços atuais em vias como a A22 (Via do Infante/Algarve), a A23 (Beira Interior), a A24 (Interior Norte), a A25 (Beiras Litoral e Alta), a A4 (Túnel do Marão), a A13 e A13-1 (Pinhal Interior). Nestas vias, algumas ex-SCUT (Portagens Sem Custos para o Utilizador), os veículos de classe 1 vão beneficiar de uma redução de até 30% nas portagens, por ser a que afeta mais famílias.

As viaturas das restantes classes, incluindo os veículos pesados, vão beneficiar de um desconto de 13% no período diurno, mantendo-se os valores atuais no período noturno.

Uma questão de “justiça territorial”

A decisão de reduzir os preços das portagens não afeta todas as autoestradas do país, tratando-se de uma “medida de caráter excecional”, que o Governo não pretende alargar a outras vias. De acordo com a Ministra, esta é uma questão de “justiça territorial”, considerando que nas regiões implicadas “as pessoas muitas vezes não têm vias alternativas nem transportes públicos coletivos”.

Segundo as contas de Ana Abrunhosa, a redução das taxas de portagens na A13 implica uma poupança de 246 euros por mês para quem usa aquela via diariamente. “Este desconto vai ter impacto na vida das pessoas”, acrescentou.

Movimento diz que medida é um “malabarismo”

A Plataforma P’la Reposição das Scut nas autoestradas A23 e A25, movimento que integra a Associação Empresarial da Beira Baixa, União de Sindicatos de Castelo Branco, a Associação Empresarial da Região da Guarda e a União de Sindicatos da Guarda, entre outros, reagiu hoje à notícia considerando que “para reduzir 30%, não era preciso tanto tempo”.

“Somos obrigados a concluir que tudo não passou de um artifício para fugir à redução de 2023 e a levar para 2024”, disse o porta-voz do movimento, Luís Garra, em declarações à Agência Lusa.

Considerando que “a redução de 30% é um passo em frente”, a Plataforma vê a medida como “insuficiente face às necessidades das empresas e das populações e à urgência em travar o declínio económico e social do interior”.

“Em sede de discussão do Orçamento do Estado para 2024 vamos continuar a exercer pressão para que, na votação final, se possa ir ao encontro desse objetivo”, avisou aquele representante.