Ter um PHEV mas não o carregar aumenta emissões 5 a 7 vezes face ao anunciado

10/02/2023

A aquisição de um PHEV é uma ilusão se o objetivo for ter um veículo ecológico, mas se não se carregar a bateria. Estudo mostra resultados.

Os automóveis híbridos plug-in (PHEV) representam, em teoria, o melhor de dois mundos: movidos a eletricidade nas curtas distâncias e baixas velocidades, evitando contribuir para poluição do ar nas zonas urbanas, e a combustão nas grandes, contornando as limitações de autonomia das baterias dos 100% eléctricos.

Contudo, nem tudo é bem assim. Estudos anteriores da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, que em Portugal conta com a Associação ZERO como membro, mostraram que estes automóveis produzem mais emissões do que aquelas que são prometidas pelas marcas, estando longe de ser uma alternativa ambientalmente aceitável aos carros 100% a combustão.

Em 2020, um desses estudos, com automóveis SUV híbridos plug-in, revelou que as emissões destes veículos estavam muito próximas das dum veículo puramente a combustão.

Desta vez, num novo estudo agora divulgado, foram estudados três outros modelos de automóveis híbridos plug-in, um BMW Série 3 (BMW 330e), um Peugeot 308 e um Renault Megane.

Analisando as suas emissões em diferentes situações de condução e comparando o seu custo total de aquisição, utilização e manutenção com equivalentes 100% elétricos. Os resultados deste estudo mostram várias conclusões que os ecologistas rotulam de preocupantes:

Embora a autonomia em modo eléctrico do Renault seja semelhante ao anunciado – embora somente de 50 km –, a do BMW é 26% inferior (41 km) e a do Peugeot 47% abaixo (34 km);

Valores de autonomia oficiais WLTP e verificados nos PHEVs BMW, Peugeot e Renault do teste. Todos os três PHEV tiveram uma autonomia elétrica em estrada real menor do que o esperado.

Em viagens casa-trabalho, iniciando as viagens com a bateria totalmente carregada e conduzindo no modo pré-selecionado pelo veículo, o Peugeot e o Renault emitiram 1,2-1,7 vezes mais que os valores oficiais (33 – 50 gCO2/km). O BMW emitiu mais de 100 gCO2/km, o que é mais de três vezes o valor oficial;

Estes automóveis emitem 5-7 vezes mais que os valores oficiais caso tenham a bateria descarregada.

CO2 WLTP oficial e medido durante a condução em cidade no modo de sustentação de carga (somente motor de combustão)

Automóveis híbridos plug-in são caros para os governos e para os condutores, diz a T&E

Por serem apresentados como uma alternativa de baixas emissões em relação aos veículos a combustão clássicos, os híbridos plug-in beneficiam de subsídios do Estado em Portugal, com um desconto de 75% no ISV caso tenham uma autonomia mínima (oficial) de 50 km em modo elétrico e emissões inferiores a 50 gCO2/km. No caso dos três modelos em apreço, todos cumprem os critérios, mas o estudo demonstra que, na prática, estes parâmetros estão longe de serem cumpridos, pelo que a ZERO entende que o Governo deveria retirar os apoios a este tipo de automóveis, os quais ascendem a vários milhões de euros por ano.

Além disso, indicam os ambientalistas, para o proprietário fica mais caro um carro híbrido plug-in do que um 100% elétrico. A Zero apresenta as contas a que chegou: por exemplo, no espaço de quatro anos a troca de um Peugeot 308 híbrido plug-in para um Citröen ë-C4 permite economizar 4.800 euros, a de um Renault Megane híbrido plug-in para um Megane 100% elétrico 1.300€, e a do BMW Série 3 para um Tesla Model 3 permite economizar 2.600 euros.

Estudo disponível aqui.