Tesla (e outras marcas) aderem a competição solar para recrutar talentos

03/12/2023

No World Solar Challenge, os estudantes universitários competem com veículos movidos inteiramente a energia solar. E dali saem, por vezes, para trabalhar em marcas de automóveis.

 

De dois em dois anos, a Austrália recebe o World Solar Challenge, um evento internacional em que todas as equipas participantes, na sua maioria constituídas por estudantes universitários, competem em veículos movidos exclusivamente a energia solar que eles próprios criaram e fabricaram à mão.

A corrida percorre 3.021 km através do interior da Austrália, de norte a sul, e o objetivo é promover o desenvolvimento e a inovação da mobilidade sustentável.

Durante o evento, os concorrentes têm de se levantar cedo para carregar o veículo, a partir das 5h, aproveitando os primeiros raios de sol, até às 8h, quando a corrida recomeça. A partir daí, percorrem cerca de 700 km por dia, passando pelos pontos de controlo pré-determinados, até às 17 horas, altura em que param e preparam os carros para o dia seguinte.

O evento este ano decorreu de 22 a 29 de outubro, gerando parcerias industriais nos setores de energia, automóvel, engenharia, financeiro, ciências de materiais e TI. E vários ex-alunos do Bridgestone World Solar Challenge têm vindo a empregar-se em algumas das principais empresas de engenharia, de automóveis e de transportes sustentáveis do mundo.
► A equipa vencedora em 2023 foi a belga Innoptus Solar Team, cujo veículo Infinite percorreu 3022 km num tempo de 10:44:41 a uma velocidade média de 88.2 km/h.

► No 2º lugar ficou a equipa Solar Team Twente, com o veículo RED X a ficar com um tempo de 11:04:58 e uma velocidade média de 87.4 km/h.

► No último lugar do pódio ficou a Brunel Solar Team, com o Nuna 12, o qual obteve um tempo de 13:02:07 e uma velocidade média de 82.7 km/h.

Há emblemas automóveis que aderem à iniciativa, apoiando os projetos de equipas universitárias. Na edição 2023 isso ocorreu com a Cupra que colaborou com a Brunel Solar Team da Delft University of Technology (Países Baixos) na criação do Nuna 12, um veículo elétrico com a forma de uma asa, feito de materiais leves e coberto com painéis solares.

Anna Homs, responsável de Inovação em I&D na Cupra, refere que o envolvimento do construtor neste evento se deve ao facto de a corrida promover a mobilidade sustentável. Acrescentou ainda que as gerações mais jovens serão fundamentais para o desenvolvimento da eletrificação, razão pela qual “são o futuro e estamos muito satisfeitos por apoiar este tipo de iniciativa enquanto aprendemos com a sua paixão, motivação e competências técnicas.”

Outra curiosidade: a Tesla envia observadores e recrutadores para todos os desafios solares mundiais. A sua missão é apresentarem-se aos estudantes das equipas, questionando-os sobre os seus projetos experimentais. E, por vezes, destas incursões da Tesla resulta a contratação de jovens talentos. Foi o caso da engenheira australiana Coco Wong.

Enquanto estudava engenharia mecânica e física, ela fundou a equipa da Universidade de Adelaide em 2015. Um ano depois de competir com o seu primeiro veículo solar, Wang estava a voar para a Califórnia para se juntar a uma das equipas de engenharia da Tesla e acabou a trabalhar para Elon Musk, daí seguindo para outras empresas inovadoras, como a Zipline (empresa de drones) ou a Powerwall.

“Isso dá aos estudantes engenheiros a oportunidade de resolver problemas do mundo real usando as habilidades que desenvolveram em sala de aula”, refere Coco Wong.