“Tracery”: simbiose urbana perfeita entre Vhils e MINI

22/03/2024

Alexandre Farto, aka Vhils, deixou a sua marca única na “pele” de um MINI MkI de 1965. O resultado foi apresentado no passado dia 20 de março, no Vhils Studio, no Barreiro. O Motor 24 foi conhecer o “Tracery”.

Por: Bruno Castanheira

 

Desafiado pela MINI, Alexandre Farto, artista português de renome internacional, também conhecido como Vhils, deixou o seu traço único num veículo clássico da emblemática marca britânica. O resultado deste desafio dá pelo nome “Tracery”.

Este projeto é a mais recente etapa da parceria entre a MINI e o Vhils Studio, liderado pelo artista português. Em 2022, esta colaboração da marca com o mundo das artes já tinha dado lugar a uma intervenção de grandes dimensões de Vhils, que, recorrendo a uma técnica inovadora, decidiu homenagear o criador, Sir “Alec” Issigonis, designer e engenheiro britânico que concebeu o icónico MINI.

“Tracery” é um termo inglês da arquitetura gótica – estilo marcado por uma decoração ornamental estrutural – que define o “rendilhado”, permitindo aberturas para o exterior, filtradas por vitrais e rosáceas.

No caso da obra que Vhils apresentou no passado dia 20 de março, no Barreiro, o termo enfatiza a perfuração da “pele” do automóvel, representando elementos característicos da obra do autor.

Para a criação do conceito desta instalação artística, cujo processo demorou cerca de seis meses, envolveu muitas equipas e implicou a abertura de mais de 30 mil furos, com diferentes diâmetros, nos diversos painéis do veículo, Vhils viajou até Oxford, em setembro do ano passado, para visitar a fábrica da MINI, onde teve oportunidade de escolher o modelo que seria a sua “tela”.

A opção recaiu sobre um Mini MkI de 1965, um automóvel revolucionário à época pela sua simplicidade e cuja decoração final (o olhar) pretende refletir precisamente a visão de Sir “Alec” Issigonis.

Propósitos comuns

João Trincheiras, corporate communications manager do BMW Group em Portugal, deu início à apresentação do “Tracery”, acompanhado por Gonçalo Empis, head of MINI Portugal, e Romain Trevisan, CEO da Cultural Affairs.

“MINI, Vhils e Cultural Affairs têm propósitos comuns. Somos marcas urbanas e queremos deixar a cidade melhor do que a encontrámos. A nossa parceria começou em 2021. E a MINI tem uma estratégia: big love. Big love for the planet, big love for the city, big love for the people”, começou por afirmar Gonçalo Empis. “Esta parceria, através da arte, pretende chegar às pessoas para transformar as cidades. No fundo, é isto que nos une e é natural aquilo que temos feito em conjunto”, acrescentou.

Vhils também deixou o seu testemunho: “A minha prática enquanto artista contemporâneo é profundamente inspirada pelas camadas de história e identidade enraizadas na paisagem urbana. O convite para intervir num dos primeiros modelos deste carro icónico permitiu-me expandir a minha criatividade para uma nova dimensão”.

E foi mais longe: “Com este trabalho, não só presto homenagem à mente visionária de Sir ‘Alec’ Issigonis, criador do MINI original, como, também, celebro o espírito revolucionário da própria criação”.

Segundo revelou Vhils, “com o seu design pioneiro e impacto democratizador, o MINI encarnou um símbolo de acessibilidade e mobilidade urbana. Através desta intervenção, quero desvendar as camadas deste legado, revelando a essência da sua contribuição para a cidade e os seus habitantes, enquanto crio um diálogo entre passado e presente, tradição e inovação”.

Arte em todos os poros

Para a execução deste conceito, Vhils e a sua equipa contaram com a estreita colaboração da Rusty Soul Garage, autêntica oficina de arte automóvel, especializada no restauro de veículos, e já experiente em trabalhar com modelos da marca britânica.

Esta obra surge como resultado de uma colaboração artística meticulosa que tinha um desafio especialmente exigente em mãos: transpor o estilo inimitável de Vhils, tantas vezes esculpido em fachadas de edifícios urbanos, diretamente na carroçaria de um MINI clássico.

A parceria entra a MINI e o Vhils Studio envolve ainda o Festival Iminente e a galeria Underdogs, tendo já dado lugar ao lançamento de uma edição exclusiva de tejadilhos artísticos MINI, assinados por autores emergentes nacionais, bem como ao lançamento das obras Temple of Light, de AkaCorleone, e PORT4L, de Tiago Marinho, ambos artistas portugueses.

O “Tracery”, MINI clássico transformado em obra de arte, irá, numa primeira fase, estar em exibição em alguns concessionários oficiais da marca, de norte a sul do país, para, posteriormente, integrar a coleção internacional da MINI, onde poderá fazer parte de futuros eventos e exposições que envolvam a marca a nível mundial.

No plano internacional, a ligação da MINI à arte é já antiga, estando patente em diversos projetos, como foi o caso da criação de edições únicas a cargo de figuras como Paul Smith, Kate Moss ou David Bowie.