Transportadores de passageiros querem ser incluídos no pacote de apoio ao turismo

21/05/2020

Associação que representa as empresas de transportes de passageiros nacionais fala em três meses parados, devido à pandemia, e reclama os mesmos apoios previstos para o setor do turismo.

A Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros (ARP) quer ser integrado nas medidas de apoio previstas o Turismo. E alerta. Caso nada seja feito até ao final do primeiro semestre, o presidente da ARP, José Luís Carreira, admite que mais de 1500 pessoas possam ser despedidas. “Fomos dos primeiros setores a ser afetados pela covid-19, e, tudo indica, seremos dos últimos a poder regressar à normalidade laboral”, diz.

O prolongamento da possibilidade de manutenção do lay-off por um período de nove meses e a inclusão dos sócios-gerentes nesta medida; a criação de moratórias específicas para os encargos financeiros fixos durante um período de 12 meses e o prolongamento dos contratos públicos de transporte escolar são algumas das reivindicações já entregues à Secretaria de Estado da Mobilidade e à do Turismo. “Com a proibição das viagens turísticas nacionais e internacionais, deixámos de ter clientes, deixámos de faturar. Fomos dos primeiros setores a sofrer as consequências económicas e financeiras deste surto”, sublinha José Luís Carreira.

Três meses parados
Com a entrada do país na segunda fase de desconfinamento, a ARP aguarda pelas determinações das autoridades de Saúde, embora acredite que o transporte pesado de passageiros continuará a ser afetado por vários meses, uma vez “que as viagens e a própria estadia nas unidades hoteleiras têm fortes limitações aos grandes grupos de turistas”, reforça o mesmo responsável.

A ARP, que representa 120 empresas de transportes pesados de passageiros e emprega, atualmente, 3500 pessoas, garante que “as frotas estão paradas há quase três meses”. Segundo a mesma fonte, “temos os parques de estacionamento cheios e as caixas registadoras vazias, porque apesar de estarmos em lay-off continuam a existir custos fixos, como os seguros e os leasings dos autocarros, que as empresas têm de pagar”, lamenta.

José Luís Carreira adianta que 75% das empresas associadas trabalham na área do turismo e “dependem muito do mercado internacional, como os EUA, Brasil, Ásia e Europa, com os seus grupos de turistas tão característicos”. E vai mais longe. “Enquanto estes grandes grupos não voltarem a viajar, vamos ser fortemente afetados, uma vez que também a nível nacional não haverá visitas de estudo, nem atividade de praia para as crianças, ou os alugueres habituais de um e dois dias por nacionais, as peregrinações, as viagens de incentivo das empresas para os seus funcionários, entre outros”, acrescenta.

“É fundamental que o Turismo de Portugal olhe para o transporte pesado de passageiros como uma atividade essencial ao turismo, e que, por isso, deve ser um parceiro a ouvir na definição de estratégia para relançamento da atividade económica”, explica José Luís Carreira. O presidente da ARP defende também que o Código de Atividade Económica seja incluído nas medidas já definidas ou a definir para apoio ao turismo.

Outra das propostas apresentadas pela ARP diz respeito à extensão do selo sanitário “Clean & Safe” ao setor do transporte pesado de passageiros, uma vez que “seria uma garantia de segurança para os potenciais clientes”.

Reivindicações antigas

A associação reclama ainda outras reivindicações antigas. Desde logo, a revisão da Lei do Transporte Coletivo de Crianças; a atribuição de descontos nas portagens; o acesso ao gasóleo profissional; a possibilidade de recuperar o IVA do gasóleo e portagens pagos em Espanha; a alteração ao Regulamento (CE) n.º 561/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho; o apoio ao abate e renovação de frota e o pagamento dos serviços em dívida do Estado às empresas. A ARP “exige urgência” numa resposta às suas reivindicações e que sejam apresentadas soluções para os problemas que este setor enfrenta. “Está em causa a subsistência de centenas de famílias. Milhares de pessoas vivem angustiadas sem saber como será a sua vida a partir do segundo semestre de junho, altura em que, para algumas, termina o lay-off atualmente em vigor”, acusa José Luís Carreira.