UVE quer simplificação de cobrança de carregamentos. E tem uma proposta vencedora

05/12/2022

A UVE reuniu com os principais CEMEs e OPCs, apresentando uma proposta de um modelo de tarifário que visa simplificar a utilização dos carregamentos e criar uma fácil compreensão do custo total que um utilizador vai ter ao usar a rede pública de carregamento.

A UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos apresentou uma proposta, maturada ao longo de um ano e já apresentada aos principais OPC – Operadores de Pontos de Carregamento e CEME – Comercializadores de Energia para a Mobilidade Elétrica, que visa simplificar o sistema de cobrança dos carregamentos efetuados na Rede Pública de Carregamento em Portugal.

Para a UVE, a cobrança dos carregamentos deveria passar a ser realizada segundo dois parâmetros:

  1. Diferenciação de custo por tipo de tomada e/ou potência de carregamento.
  2. Cobrança em energia (kWh) com uma taxa suplementar por tempo (minutos) após determinado período de utilização.

Concretizando, seria algo deste género:

O objetivo é que “da parte do utilizador passe a existir uma perceção do custo final por kWh, paralelamente a uma noção de utilização eficiente do posto, finda a qual existe lugar ao pagamento de um adicional por uso incorreto/indevido”, explica a UVE.

O adicional por tempo – prossegue a sua explicação a UVE – “serve para compensar o OPC quando o tempo de utilização do posto ultrapassa um valor razoável, sendo expectável que o veículo já estará a carregar a uma potência baixa, fazendo diminuir o rendimento do OPC”.

“Tendo o utilizador um custo contratado com o seu CEME em kWh, que facilmente conhece pois ele não vai depender do local de carga ou tipo de posto, ao chegar ao carregador escolhido para efetuar o seu carregamento, basta adicionar o custo por kWh afixado no local para facilmente obter o seu custo total por kWh”, diz a associação.

“A APLICAÇÃO DO MODELO DE TARIFÁRIO PROPOSTO, EM NOSSO ENTENDER, NÃO SIGNIFICA, DE FORMA ALGUMA, QUALQUER ACRÉSCIMO DE CUSTO PARA O UTILIZADOR”, SALIENTA A UVE.

A UVE complementa: “Num tarifário apenas por tempo, como temos atualmente na quase totalidade dos postos rápidos, não existe esta preocupação pelo OPC, pois independentemente da potência de carga efetiva o seu rendimento será associado ao tempo de uso do posto”.

A UVE não tem dúvidas: “A escolha dos utilizadores será natural e decisiva, entre um posto com um custo “simplificado” em energia e outro que obrigue a cálculos mais complicados”.

Na visão da UVE, “basta que um OPC, de grande dimensão e dispersão nacional, adira a este formato de tarifário: a escolha dos utilizadores a partir desse momento ditará as regras”.

Para explanar melhor a sua proposta, a UVE relembra que a rede pública de carregamento possui dois grandes atores que geram um preço final para o utilizador:  o CEME – Comercializador de Energia para a Mobilidade Elétrica e o OPC – Operador de Pontos de Carregamento; é a junção dos dois custos que gera o nosso custo final.

CEME – Comercializador de Energia para a Mobilidade Elétrica

O CEME é responsável pela parcela da energia, o custo da eletricidade. Um CEME vende eletricidade, e a medida de contabilização da eletricidade é o kWh. “A esmagadora maioria já atua desta forma no mercado, mas devemos rapidamente ter 100% da oferta CEME nesta unidade de venda”, afirma a UVE.

OPC – Operador de Pontos de Carregamento

O OPC é responsável pela disponibilização dos postos de carregamento, “e devido à variabilidade na potência efetiva de carregamento é compreensível a possibilidade de cobrança por tempo”, mas , refere a UVE, “se queremos avançar na simplificação de tarifários uma enorme vantagem com vista à simplificação será termos as duas componentes do preço (CEME + OPC) na mesma unidade (energia)”.

“Roma e Pavia não se fizeram num dia, por isso avançamos com um primeiro passo que visa esta simplificação nos postos de carregamento rápido (PCR) e Ultra-rápido (PCUR)”, declara a associação.

Modelo atual: Um custo CEME em kWh adicionado de um custo OPC por tempo, resulta numa fórmula de calculo difícil, só facilitada atualmente por algumas ferramentas digitais que estão disponíveis no mercado.
Proposta UVE: Um custo CEME em kWh adicionado de um custo OPC em kWh resulta numa conta fácil e percetível pelo utilizador.