M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
A Volkswagen voltou a estar envolvida numa situação em que pode ser acusada de defraudar os seus clientes. De acordo com os jornais alemães Spiegel e Handelsblatt, a marca alemã terá vendido ao público um grande número de automóveis de pré-produção, durante vários anos, que nunca poderiam circular na estrada nas mãos de condutores privados. Como unidades de pré-produção, apenas estão autorizados a circular com autorização especial e não podem ser vendidos ao público, pois como são unidades de testes, não cumprem necessariamente os critérios de segurança e emissões poluentes a que as versões de produção vão estar obrigadas.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Os números apontados pelos jornais alemães são de 6700 unidades, vendidas como veículos novos ou semi-novos, entre 2006 e 2018, sem explicar a sua proveniência. Não parecem ser números altos, comparados com os 11 milhões de automóveis que estiveram envolvidos no caso Dieselgate. Mas são, ainda assim, milhares de automóveis que foram vendidos a pessoas, que podem não ter todas as funções de segurança do modelo de série, ou motores que não iriam passar na medição de emissões poluentes numa inspeção automóvel. A grande maioria destes automóveis, cerca de 4000, terá sido vendida na Alemanha, e dizem respeito apenas à Volkswagen e não às outras marcas do grupo.

Herbert Diess, o atual dirigente máximo da Volkswagen, terá conhecimento desta situação desde 2016, mas a marca demorou a avisar o público, e poderá ter continuado a ver estas unidades. Um grupo alemão de defesa dos consumidores, o VZBV, teceu duras críticas à administração da marca, acusando a administração de Diess de não terem aprendido nada com a situação anterior, de falta de responsabilidade para com os seus clientes e de não ter interesse em respeitar a lei.