Os acidentes com trotinetes e bicicletas elétricas chegaram aos 74, apenas no primeiro semestre, provocando 52 feridos. Uma tendência galopante que o ACP quer travar, promovendo o uso de capacete.

 

Lisboa, Porto, Faro e Coimbra são os distritos que, juntos, concentram os 74 acidentes registados com trotinetes e bicicletas elétricas, no primeiro semestre do ano, o que significa uma subida significativa face à primeira metade de 2018. O uso de capacete nos condutores deste tipo de veículo reduz para quase metade os riscos de lesões fatais e quase 70% as hipóteses de ferimento, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, que servem de base à nova campanha de alerta do Automóvel Clube de Portugal (ACP).

 

Com recurso a duas melancias e o lema “Não sejas Alberto! Pensa pela tua cabeça”, a campanha vai envolver diferentes tipos de meios de comunicação com o objetivo de fazer passar a mensagem, de maneira a convencer os utilizadores deste tipo de equipamento a minimizar riscos de condução.

 

A lei do capacete

Para o presidente do ACP, o apelo impõe-se, não só pelo número de acidentes, mas também pelo facto de considerar que o uso do capacete é obrigatório por lei, apesar da instrução técnica da Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária (ANSR), que, há nove meses, tornou opcional o uso de capacete em trotinetes, bicicletas elétricas, ou outro tipo de equipamentos idênticos.

 

Carlos Barbosa afirma mesmo que “o Código da Estrada não está a ser cumprido, há vários equipamentos do género que atingem 30 a 40 km/hora, e quer o Ministério da Administração Interna quer a Câmara Municipal de Lisboa e a ANSR basearam-se num parecer da própria ANSR, com 50 ou 60 anos, quando as bicicletas apareceram em Portugal e que dizia que não era obrigatório usar o capacete no uso da bicicleta”. Mas, segundo Carlos Barbosa, “o atual código diz claramente que até determinada cilindrada e determinados kVA (Tensão Elétrica x corrente) de eletricidade, é obrigatório o uso de capacete e, portanto, aí, é muito claro”.

 

O ACP não aceitou este parecer e está a contestá-lo em tribunal, mas, enquanto não existe uma decisão judicial, considerou ser imperativo fazer uma campanha de segurança, para que as pessoas andem de bicicleta ou trotinete em segurança. Para o líder do ACP, “o parecer não tem pés nem cabeça”, mas, como a decisão pode demorar tempo a ser produzida pela Justiça, considera importante alertar quem recorre a este tipo de oferta de mobilidade para os riscos a que se sujeita numa condução sem capacete”.

 

O boom das trotinetes

Estes veículos entraram na vida quotidiana das cidades a grande velocidade, sendo que num mês mais de dez operadores pediram licença para operar na capital, sem campanhas de sensibilização prévia, como fazem outros países, lamentou o responsável. À semelhança do que acontece noutros países da Europa, o capacete pode ser adquirido antes da viagem, no próprio ato do aluguer do equipamento.

 

Carlos Barbosa exemplifica, “lá fora, apesar de não ser obrigatório em alguns países, os fornecedores de trotinetes ou bicicletas elétricas, ao lado dos equipamentos, têm uns armários gigantescos em que o utilizador, recorrendo ao cartão de crédito, retira o equipamento a utilizar, mas também trás o capacete e por exemplo, quando entrega a bicicleta, entrega também o capacete, mesmo que seja noutro ponto da cidade, não tendo qualquer espécie de problema”.

 

A campanha do ACP, já apresentada em Lisboa, vai agora percorrer o país e começar pela cidade do Porto. No fundo, o que se pretende é proteger as pessoas, em especial as crianças, porque são equipamentos, até agora, completamente indisciplinados: andam por cima de passeios, passadeiras, andam em sentido contrário nas ruas, por vezes, mal-estacionadas em qualquer lado, etc.

 

Enquanto não for obrigatório o uso de capacete, o ACP quer que as pessoas percebam os riscos que correm, citando estudos da Organização Mundial da Saúde que indicam que, não usando capacete, 44% dos condutores estão sujeitos a morrer e 66% a terem lesões graves. “Sendo um meio de mobilidade que atravessa hoje as cidades é preciso proteger as pessoas.”

 

Segundo dados da PSP, no primeiro semestre de 2019 registaram-se mais 67 acidentes do que em igual período do ano passado, dos quais resultaram 52 feridos, ou seja, mais 47 do que em 2018, originados por dez atropelamentos, 44 colisões e 20 despistes. Neste domínio, as autoridades de segurança registaram ainda mais de uma centena de multas, 31 referentes a excesso de álcool e coimas que oscilam entre os 125 e os 1250 euros.

 

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