Cascais e Matosinhos são dois dos exemplos em Portugal de autarquias que apostaram na sustentabilidade e no conceito de “smart city”. A primeira começou a sua aposta nos transportes, a segunda refere que o cidadão tem de ser sempre a prioridade.

Cascais, 24/10/2019 – MOBI Summit 2019 – Painel de Debate sobre Smart Cities e a Sustentabilidade Como Serviço.
(Carlos Manuel Martins / Global Imagens

“Este é um momento único com uma responsabilidade grande. Estamos num momento de emergência climática. Se temos a tecnologia, se temos a capacidade, temos de ter a alternativa”, afirmou Pedro Gaspar, Future Business Technology Director do CeiiA no painel “Smart Cities e a Sustentabilidade como Serviço”, um dos momentos de discussão da edição deste ano do Portugal Mobi Summit.

Para este responsável, “temos de ter a capacidade de repensar a mudança, temos de mudar, não há alternativa. E as cidades têm de refletir isso”. “Mas não temos muito tempo para isso. Onze anos é o nosso limite”, sublinhou Pedro Gaspar, referindo-se aos dados estabelecidos no Acordo Climático de Paris.

Cascais é um dos municípios que já começou a fazer uma aposta no conceito de “smart city” e na sustentabilidade. “No caso de Cascais se não tivesse havido uma decisão política não estávamos no ponto em que estamos”, declarou Rui Rei, CEO da Cascais Próxima, a empresa municipal que faz da gestão da mobilidade, espaços urbanos e energias.

Segundo este dirigente local, o esforço de Cascais começou em 2015, numa altura em que “o serviço de transportes do município era miserável”. “Cascais foi o único município da área de Lisboa que tomou conta dos transportes”, sublinhou, acrescentando que a autarquia lançou “uma empresa pública de transportes para mostrar aos privados que era possível fazer melhor”.

Exemplos: no final deste ano, todas as as carreiras vão estar integradas e os transportes públicos terão o dobro da oferta e, a partir de 1 de janeiro, os transportes públicos serão gratuitos em Cascais.

Rui Rei lembrou ainda que foi Cascais que marcou “o ritmo na Área Metropolitana de Lisboa”, referindo-se à adoção dos passes únicos.

Matosinhos é outras as cidades modelo do país no que diz respeito à sustentabilidade e à política de “smart city”. Como isso é feito? “Sem colocar o cidadão no centro do processo de transformação, não é possível avançar”, explicou José Pedro Rodrigues, vereador da Mobilidade, Transportes e Proteção Civil da Câmara Municipal de Matosinhos.

“Isto vai muito para lá da mobilidade. Tem a ver com planeamento, com todas as dimensões da vida dos cidadãos e pensar onde queremos estar daqui a dez anos”, prosseguiu este responsável autárquico. “A nossa preocupação foi sempre colocar o cidadão no coração desta transformação. Só conseguimos acelerar se conseguirmos incorporar inovações que os cidadãos consigam usar no seu dia a dia”, acrescentou Rodrigues.

O desafio do 5G

A implementação da rede 5G é um dos temas em cima da mesa em todo o mundo. E Portugal não é exceção. Mas será que o nosso país está atrasado nesse processo? As opiniões divergem.

“Temos vindo a testar vários dos nossos serviços em 5G”, adiantou Pedro Gaspar, Future Business Technology Director do CeiiA. “O 5G não é só mais largura de banda. Vai permitir passar da economia real para a economia digital. O que vai obrigar-nos a repensar tudo”, argumentou.

Em Matosinhos, começaram a ser feitos testes piloto em 5G esta semana. “Estamos no tempo certo e temos muitas expetativas”, declarou José Pedro Rodrigues, vereador da Mobilidade, Transportes e Proteção Civil da Câmara Municipal de Matosinhos.

Rui Rei, CEO da Cascais Próxima, mostrou-se menos otimista quanto ao cenário atual em Portugal. “Estamos atrasados no 5G? Estamos. Isto é claro. O regulador já devia ter tomado decisões.” “O 5G, do meu ponto de vista, traz um desafio adicional para o nosso país, que são as redes abertas. Vai permitir ter diferentes players. Resta saber se o país está disposto a essa abertura”, concluiu Rei.

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