Os desafios das “entregas da última milha” – last mile delivery, que leva as mercadorias do centro de distribuição ao destino final da entrega  – foram o principal tema do painel de debate sobre “Novas Tendências na Logística e Distribuição” do Portugal Mobi Summit, a decorrer na Nova School of Business & Economics, em Carcavelos.

Uma das dificuldades em fazer entregas em zonas metropolitanas e no menor tempo possível prende-se com a condução difícil nas cidades, daí a importância da mobilidade urbana para as empresas de distribuição e logística.

De entre as soluções para este problema, Paulo Silva, Diretor de I&D, Produção e Logística dos CTT destacou o recurso a “veículos elétricos, mais pequenos que permitem uma maior flexibilidade para a distribuição nas cidades” a par com a realização de trajetos mais eficientes.

Atualmente, cerca de 10% da frota dos CTT é elétrica mas o gestor defende que “não pode ser elétrica por ser elétrica”.

“A operação tem de ser rentável com o veículo elétrico, quer em termos ambientais como financeiros. Elétricos sim, nas operações em se tornem eficientes e rentáveis”, afirmou Paulo Silva.

Neste campo da mobilidade elétrica, a DHL, uma das maiores empresas mundiais de distribuição e logística, tem sido pioneira.

José António Reis, Diretor-Geral da DHL Portugal, lembrou no debate que a empresa já utiliza 11 mil veículos elétricos no conjunto dos vários países onde opera.

A DHL tem “objetivos ambiciosos” até 2050 no contexto da ambição global de reduzir o aquecimento global, mas até lá não será possível recorrer apenas a um tipo de veículos.

“Não devemos apenas falar de veículos elétricos mas sim de veículos isentos de emissões de carbono”, afirmou José António Reis referindo os testes em que a empresa tem investido com veículos a hidrogénio.

“É cada vez mais difícil operar nas grandes cidades e é preciso encontrar formas cada vez mais eficientes de mobilidade”, frisou.

Hoje em dia, um dos veículos mais eficientes para a realização de entregas em cidades são as scooters elétricas como explicou Joana João da eCooltra.

“A nossa especialidade é o last mile delivery, para entregar a horas certas no meio do caos de cidades como Lisboa e Porto”, disse a responsável responsável pelo programa Last Mile Delivery da empresa de partilha de scooters elétricas.

Equipadas com caixas de 25 litros, as motas da empresa “transportam um pouco de tudo”. O principal objetivo é diminuir o tempo de entrega ao cliente e aumentar as margens de lucro das empresas de distribuição e logística que neste momento “estão completamente esmagadas”.

Embora as “scooters sejam um dos melhores meios para entregas em cidades”, para Paulo Silva dos CTT, “é preciso explorar a capacidade de carga destes veículos devido ao elevado número de encomendas grandes e volumosas”.

A eCooltra tem parcerias tanto com os CTT como com a DHL e vai continuar a apostar nas scooters elétricas “esperando que continuem a evoluir porque neste momento ainda não dão para grandes rotas”, afirmou Joana João.

Daqui a três ou quatro anos já teremos entregas autónomas de encomendas com drones ou robôs?

“Vamos lá chegar mas poderá demorar algum tempo”, começou por responder Paulo Silva dos CTT relativamente ao caso português.

Nos Estados Unidos, em algumas zonas de África e na Suíça os drones que fazem entregas já levantaram voo mas na Europa comunitária ainda não são descolaram.

Uma parte da demora tem a ver com os constrangimentos impostos pela legislação europeia.

“Em África, em zonas de catástrofe, já se fazem entregas com drones”, afirmou José António Reis, Diretor-Geral da DHL Portugal. “Em breve iremos começar na Ásia. Daqui a 10 anos na Europa, tudo depende da legislação europeia”, acrescentou.

“Mais do que a legislação é a autonomia dos drones que pode causar problemas de eficiência dos negócios”, reconhece Paulo Silva dos CTT.

A robotização já é uma realidade nos CTT, um exemplo é o recurso a sorters que fazem a divisão das encomendas. “As tarefas mais difíceis em termos de ergonomia é o robô que as faz, as mais complexas são feitas por humanos”, explicou.

Todos os intervenientes no debate “Novas Tendências na Logística e Distribuição” concordaram que é importante investir em tecnologia mais sustentável, sem no entanto esquecer o lado digital da operação de distribuição.

Os veículos elétricos e livres de emissões são importantes a par com ferramentas digitais que permitam a otimização de rotas para que os processos de last mile delivery sejam tão sustentáveis quanto rentáveis.

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