Multinacional fornece peças para todas as marcas do planeta. Estivemos no seu TechShow para ver as soluções de mobilidade elétrica, partilhada e autónoma para rivalizar com a “pioneira” Tesla. As ilustrações recriam algumas soluções para a cidade do futuro.

 

Para muitos o nome Continental é sinónimo de pneus. Mas o que ficámos a conhecer em Hanover, na Alemanha, num evento tecnológico que a gigante alemã chama de TechShow, vai muito além da borracha que ajuda 1,4 mil milhões de veículos a movimentarem-se no planeta Terra. Atualmente só 30% do negócio da Continental vem dos pneus (tem uma fábrica em Portugal), o resto são peças variadas de eletrónica, para o motor, assistência à condução ou para o sistema de infoentretenimento.

 

A empresa está a investir forte (não diz quanto) em tecnologia para uma mobilidade partilhada, autónoma e elétrica em 2030, para a qual conta com a inteligência artificial, “que está a revolucionar a forma como interagimos com os nossos veículos” e que promete reduzir vertiginosamente os acidentes e permitir que o passageiro se dedique a outras atividades, que não conduzir. “Fornecemos peças para todas as marcas de automóveis, numas mais noutras menos”, explica-nos Ralph Lauxmann, o vice presidente de tecnologia da empresa criada em 1871 e que no último ano gerou 44,4 mil milhões em receitas e empresa já 245 mil pessoas em 60 países.

 

O responsável não tem dúvidas que o caminho é o da mobilidade autónoma, partilhada e elétrica e lembra que a Continental foi o primeiro fornecedor da indústria automóvel a nível mundial a conseguir uma licença para testes de veículos autónomos em estradas públicas nos EUA já em 2012 (no Nevada).

 

 

No entanto, nesta era de revolução na mobilidade é outra marca que parece ditar tendências, a Tesla. Lauxmann congratula Elon Musk por criar uma empresa com “tecnologias pioneiras”. Mas, face às promessas de colocar em breve (já em 2020) os Tesla com modo totalmente autónomo e capazes de incluir um serviço de partilha dos veículos assente já em carros-robô, o responsável tem mais dúvidas. “Se eles continuarem a ser pioneiros como têm sido só temos de lhes agradecer, mas as novas promessas ainda estão por concretizar e ver como vão correr”, diz-nos Lauxmann.

 

O engenheiro vê a colaboração e troca de conhecimentos e de dados obtidos que existe atualmente entre fornecedores e fabricantes de automóveis “um bom sinal para evoluirmos rápido e no bom caminho”, admitindo que além da Continental, da Tesla e da Waymo a Bosch também está a investir forte nos conhecimentos.

 

E que soluções vimos no TechShow da Continental?

 

Ilustração baseada em 220 tendências para a cidade do futuro

 

A empresa deu-nos acesso aos seus engenheiros que mostraram algumas tecnologias que estão a desenvolver e, em alguns casos já a testar e a preparar para chegarem ao mercado. Para a visão da cidade do futuro da Continental, os cruzamentos têm um papel importante.

 

A empresa mostrou um sistema que tem já em teste nos EUA, onde coloca vários sensores, câmaras e radares, dos semáforos aos postos de iluminação que analisam tudo o que mexe na estrada e no passeio e comunicam com os veículos em tempo real para os avisar de algo que possam não estar a ver. O sistema Vehicle to Grid (V2G) informa o veículo, por exemplo, de um peão que avançou para a estrada quando estava vermelho, permitindo que o condutor ou o sistema autónomo do carro reduza ou pare o veículo e evite o atropelamento.

 

Iluminação pública inteligente alerta para perigos na estrada

 

No caso concreto dos postos de iluminação, a Continental mostrou a solução Intelligent Street Lamp (ISL), que tem algumas tecnologias como o V2G, mas permitirá também diminuir a luz quando não há tráfego ou aumentá-la quando há um objeto caído na estrada – podendo inclusive alertar o automóvel para a sua existência, ou dar também a indicação ao ecossistema de uma cidade (e aos veículos em geral) de lugares de estacionamento disponíveis. A empresa também admite colocar antenas 5G neste tipo de postos, até porque essa tecnologia precisa de mais antenas do que o 4G.

 

Na mobilidade elétrica, já existem tecnologias, inclusive no Carro do Ano europeu de 2019, o Jaguar I Pace, para o qual fornece o inversor do motor elétrico. Nesse domínio, a empresa tem uma solução de motor elétrico completo chamada EMR3 (que já vendeu a uma marca que não diz qual é), que terá versões de 120 kW (163 cv) e 150 kW (204 cv).

 

 

Carregamentos de bateria por indução e projeção de mensagens em vidros instalados nos carros

 

No caso das baterias, a Continental espera conseguir carregamentos caseiros mais rápidos, em 20 minutos. Nos modelos totalmente autónomos, a empresa equipa com os sistemas autónomos o Cube, um pequeno autocarro autónomo feito pela Ligier que não dá mais do que 20 km/h e está em testes na Suécia, Frankfurt, Japão, China e Singapura.

 

Em destaque também no evento também teve um protótipo que tinha sido terminado na véspera, que usa um sistema híbrido a 48V, que visa alimentar um motor elétrico, mais compacto (para modelos pequenos), mas mais potente e pensado para veículos de ligar à tomada (PHEV) onde o espaço não abunda.

 

Segurança com ajuda israelita

 

Cães robôs saem dos veículos autónomos e transportam encomendas

 

Ralph Lauxmann admite que a Continental além de apostar na inteligência artificial (IA) – como parceiro nesta área têm a Nvidia, especialmente nos microcontroladores e soluções de machine learning -, está focada que a nova mobilidade seja fiável e segura, daí que tenham adquirido a startup israelita de cibersegurança Argus (custou 430 milhões de dólares em 2017). “Estão a tornar os nossos sistemas à prova de hackers, até porque à medida que confiamos cada vez mais nos sistema de IA temos de garantir que ninguém do exterior entre neles”

 

Mercearias que se deslocam sozinhas para onde estão os consumidores

 

A sua área de condução autónoma envolve já milhares de pessoas divididas por sete cidades: Frankfurt (Alemanha), Open Hills, Santa Clara (EUA), Xangai (China), Singapura e Tóquio (Japão). O objetivo é criar uma rede ampla para tornar a mobilidade totalmente autónoma numa realidade, onde a existência de standards comuns (alguns definidos num Comité formado em Genebra) “irão ser fundamentais para uniformizar a tecnologia”. Certo é que continuam a fazer vários testes em vários locais do mundo e em colaboração com várias marcas automóveis (não pode indicar quais) e acreditam que vão ajudar a que “a condução autónoma e partilhada com zero acidentes seja regra em 2030”.

 

Tendências que vão mudar a forma como vivemos nas cidades

 

 

No futuro será bem mais fácil e agradável viver nas cidades. A Continental reuniu um conjunto de 220 tendências para o futuro e, com elas, imaginou soluções que uma cidade em 2030 deve ter. Em primeiro lugar, é preciso que os decisores políticos comecem a adaptar já as cidades para as novas soluções.

 

A transformação que está a acontecer vai permitir “não ter acidentes na estrada nos próximos 20 anos”, diz a empresa, mas isso depende de um processo de mudança profunda assente em três pilares onde a mobilidade partilhada e conectada, autónoma e elétrica irá estar dependente da tecnologia nos veículos mas também fora deles.

 

As respostas para 2030 envolvem drones que levam pessoas ou alimentam a agricultura, robôs e veículos variados de tamanhos diferentes, que podem levar 10 pessoas ou apenas uma (a chamada micromobilidade), carregamentos de elétricos sem fios (a fotogaleria, em cima, mostra bem algumas das tendências).

 

Agricultura com recurso a drones e veículos autónomos

 

A ideia é a de uma mobilidade sem esforço onde os robôs táxi são peça fundamental da engrenagem. “Compensa investir em mobilidade partilhada, porque os centros das cidades já estão cheios e isso permite acabar com os problemas de estacionamento”, até porque com veículos robô partilhadas vamos poder usar o espaço de estacionamento para outras coisas, incluindo fazer novas casas, algo que já se viu em Paris.

 

Os carros autónomos vão começar a ser implementados na mobilidade partilhada e só depois nos carros privados, acredita a Continental, que diz ainda que fará sentido ver o centro das cidades com apenas veículos autónomos partilhados. A empresa garante que até 2023 já haverão carros autónomos a funcionar sem ser em testes e que em breve irá lançar sistemas que nos vão ligar aos nossos carros, que vão perceber como nos sentimos e se estamos atentos ou em condições de conduzir.

 

João Tomé | Dinheiro Vivo

O artigo Como será a mobilidade nas cidades em 2030? Continental faz futurismo foi publicado originalmente no site de tecnologia DN Insider

 

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