Parceiros do Mobi Summit discutiram os desafios da nova mobilidade para a segurança rodoviária, tema central do Road Safety session, que decorre neste mês em Faro.

Uma equipa reunida à volta de uma mesa ainda é a forma mais tradicional de trabalhar. Mas é o mais longe que a tradição conseguiu chegar no encontro que esta semana juntou gestores e especialistas dos setores da mobilidade, da investigação ou da inovação na Nova SBE, em Carcavelos. Um dos grandes objetivos do Conselho Estratégico do Portugal Mobi Summit é encontrar novas abordagens para combater a sinistralidade, o tema central do Road Safety, o próximo e último warm up session, que decorrerá em Faro no dia 19.

O problema é antigo, é verdade, mas há outros desafios a acrescentar. A mobilidade não é mais o que era e as transformações, essas, já começaram a atropelar o dia-a-dia das cidades portuguesas. Basta citar o exemplo de Lisboa para entender a dimensão de um fenómeno que continuará a crescer. “Só no último ano apareceram dez novos operadores de micromobilidade partilhada”, relembra Diogo Santos, partner da Deloitte. Um peão, hoje, arrisca a ser surpreendido por uma trotinete. E um automóvel tem maiores probabilidades de se cruzar com uma bicicleta. E, já agora, um ciclista tanto pode vir a embater num peão como chocar contra um carro.

São estas as novas formas de mobilidade suave que também pesaram nas reflexões deste grupo de trabalho focado nos desafios da segurança rodoviária do futuro. Fazer um melhor planeamento urbanístico, tendo agora em conta a variedade dos novos modos de transporte, monitorizar os tráfegos para saber como e onde intervir e, por fim, penalizar para fazer cumprir a lei são os “ajustes” necessários a uma mudança muito rápida, mas que não demorará “mais do que quatro ou cinco anos”, a normalizar, antevê o especialista da Deloitte.
Punir e legislar são aliás as formas mais convencionais para provocar mudanças nos comportamentos, mas, nos dias que correm, será preciso mais. “Acredito que há outras soluções tão ou mais eficazes para mostrar como a prevenção tem um impacto direto não só nos custos mas também na forma como se usa a mobilidade”, diz Sérgio Carvalho, que lidera a equipa de marketing da Fidelidade.

Premiar os bem-comportados é a tendência do futuro e também uma das possíveis estratégias para condutores de todas as faixas etárias ganharem consciência não só para uma condução cuidadosa como sustentável: “Juntar estas duas vertentes, recompensando através de vantagens económicas, é um caminho que pode vir a ter reflexos diretos não apenas na atividade das seguradoras mas também na sociedade como um todo.”

Recompensar poderá trazer benefícios na prevenção rodoviária, até porque já começa a dar “bons resultados” na transição para comportamentos mais sustentáveis, assegura Helena Silva, diretora executiva do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto. A plataforma AIR é um bom exemplo. A app, desenvolvida pelo centro, está a ser testada em Matosinhos e em Cascais e destina-se a recompensar aqueles que mais poupam nas missões. Ao usar a bicicleta ou a trotinete em vez do carro, por exemplo, o utilizador registado nesta plataforma acumula créditos que poderá trocar por bens e serviços das empresas e operadores de mobilidade, que aceitem o desafio. “Estou convencida de que esta lógica também pode ser aplicada nas estratégias de segurança rodoviária, oferecendo uma perspetiva complementar à vertente legislativa e punitiva.”

As abordagens menos convencionais terão um papel na prevenção rodoviária, mas inovar também é saber tirar partido das estratégias que resultaram no passado, avisa Gustavo Monteiro, administrador da EDP Comercial. As décadas podem passar, mas “investimento em infraestruturas, na educação e na formação” continuarão a ser sempre trunfos que nenhuma planificação que vise mudar comportamentos pode descartar.

Katia Catulo

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