Tudo está conectado numa cidade inteligente. Os transportes integram-se numa única plataforma, os serviços públicos cruzam-se em rede, o telemóvel ativa alertas em tempo real e o cartão magnético controla entradas e saídas de um edifício. No ritmo do dia-a-dia, ninguém pergunta quem ou o que faz tudo isto funcionar. Mas Gary Heath, subdiretor executivo de Inovação do INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, é um desses especialistas que está o tempo todo a pensar no lado B das smart cities.

Foi ele quem, na primeira sessão warm up do Portugal Mobi Summit, procurou demonstrar, em pouco mais de 20 minutos, como uma cidade futurista se move por dentro. Sendo engenheiro em nanotecnologia, está habituado a descer ao nível microscópico para encontrar aquelas peças quase invisíveis. São estes sensores, manipulados molécula a molécula, que fazem pulsar as cidades, mudando os hábitos, acelerando o tempo e ligando as pessoas às comunidades urbanas.

Nos últimos anos, houve um crescimento vertiginoso destes dispositivos em todo o tipo de sistemas. Mas, nos próximos anos, a explosão será ainda maior, avisa Gary Heath: “A tendência é para se tornarem mais pequenos, mais conectados, mais integrados e mais poderosos.” Ainda mais? Hoje, eles já não deixam praticamente nada por fazer. Um empregado de mesa envia o pedido de refeição para a cozinha do restaurante e o cliente usa o cartão de crédito para pagar a conta, tudo por meio de chips sensorizados. No frigorífico, detetam os gases libertados pelas frutas e legumes, assim que surgem os primeiros sinais de deterioração. No prato, pesam as calorias ou fazem soar os alarmes, quando o sal está em excesso, o açúcar passou da conta e a gordura está acima do peso. E até medem os níveis de glicose, injetando insulina no organismo de um diabético.

Tudo isso os sensores já fazem, tornaram-se fragmentos omnipresentes na cidade, seja a medir a qualidade do ar ou da água, como gerindo fluxos de trânsito, frotas e rotas dos camiões do lixo. E aceleram para o futuro, ao volante de um carro autónomo que, numa fração de segundo, lê tudo à volta – o peão na passadeira, o cão à beira da estrada e o outro automóvel que se cruza com ele.

Um veículo autónomo ainda não circula nas cidades, mas um vulgar automóvel já tem tantos dispositivos que é impossível saber quantos são. Sensores para estacionar, medir a qualidade do combustível, a temperatura do ar, a quantidade de oxigénio para a combustão, o peso do corpo, a respiração ou a sonolência. Um terço de um automóvel já é só pura eletrónica, relembra Gary Heath: “Quando era miúdo sabia como consertá-lo, hoje, mesmo sendo engenheiro, não faço ideia do que fazer.”
É de cortar a respiração, mas, até nesses casos, os sensores podem vir a ser úteis. Em breve, haverá também chips que, incorporados nos têxteis, mudam a cor da roupa, mostrando ao colega do lado que, se calhar, é melhor chamar um médico.

Katia Catulo

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