Katsuhiko Hirose, um dos inventores da pilha de hidrogénio, considerou que esta tecnologia é incontornável para uma sociedade mais limpa. Já está nos carros japoneses e deve estar também nos aviões e noutros transportes pesados, defendeu o professor na sua intervenção na Nova SBE, no âmbito do Portugal MobiSummit.

“Quando pensamos em descarbonizar os transportes, não podemos limitar-nos a pensar nas deslocações casa-trabalho, temos de alargar o horizonte da descarbonização para meios como a aviação ou a navegação ou os transportes públicos de larga escala e, para isso, o hidrogénio vai ser essencial”, defendeu o japonês Kasuhiko Hirosse, Professor convidado do Interational Institute for CarbonNeutral Energy Research da Kyushu University. Isso se queremos realmente evoluir para uma era de energia mais limpa e se considerarmos que aqueles meios vão continuar a poluir, mesmo que todos os carros do mundo fossem elétricos.

Conhecido como uma autoridade na matéria e um dos criadores da célula de hidrogénio, Hirose adianta que “a tecnologia para voar com hidrogénio já existe”, tendo a NASA feito uma experiência que permitiu o voo durante 15 minutos. Para maiores desenvolvimentos será sempre necessária a conjugação do hidrogénio com uma bateria elétrica, admitiu. Mas o que é válido para os aviões, também o é para o desafio da descarbonização da sociedade de uma forma geral, defende um dos oradores mais aguardados do Portugal Mobi Summit.

O primeiro passo já foi dado com o lançamento do primeiro carro a hidrogénio, o Toyota Mirai, no desenvolvimento do qual Kasuhiko Hirose participou. Mas agora é preciso avançar para a sua massificação. Por várias razões, não só porque a eletrificação não é uma energia totalmente limpa, mas só permite uma redução de 30% do consumo de energia que é necessária na indústria e não só. Mas exige montantes consideráveis de investimento, admitiu.

“Países como o Japão e, principalmente, a China, já estão a realizar investimentos massivos no desenvolvimento da tecnologia do hidrogénio, mas este é um esforço que tem de envolver os governos, as empresas e o setor financeiro”, referiu o professor que fez uma intervenção sobre o papel do hidrogénio na transição energética, durante a sessão da manhã do Portugal Mobi Summit e respondeu a perguntas do coordenador do DN Insider João Tomé.

E uma delas foi sobre quantos pontos de carregamento de hidrogénio seriam necessários num país como Portugal. Hirose considerou que 60 postos seriam o bastante, mesmo para camiões pesados, adiantando que se fossem cem envolveriam provavelmente um valor de investimento de 100 milhões de euros. Mas com claras vantagens face aos postos de carregamento elétrico, assinalou. Porquê? Porque um Toyota Mirai, por exemplo, consegue uma autonomia de 600 a 700 km com um carregamento de apenas 3 a 4 minutos.

E não é só a Oriente que esta tecnologia está em marcha. O professor adiantou que na Alemanha já estão instalados 17 postos de carregamento a hidrogénio, no Japão 113 e na Califórnia (EUA) perto de 50.

Terminando a sua intervenção com um slide de uma belíssima fotografia com o espetáculo sempre impressionante das cerejeiras em flor no Japão, Hirose concluiu que, se depois de uma guerra violenta, os seus avós conseguiram plantar aquela beleza que perdura até hoje, “também conseguiremos ter uma sociedade livre de carbono no futuro”.

 

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