Empresas têm de se focar no grande interesse geral que beneficia todos, elas próprias incluídas, e esquecer pretensões expansionistas de mercado para, cada qual com as suas competências, encontrar as soluções para uma mobilidade limpa

 

O Debate Ecossistema das Startups, Inovação e Mobilidade concluiu que a transformação do paradigma face à urgência de respostas no salvamento do mundo (e no dos negócios também) é as empresas perderem velhos hábitos de longa e feroz concorrência e unir competências para criar investimentos e soluções.

“No início do século XX, Nova Iorque tinha 12 milhões de cavalos. Dez anos depois, havia dez mil. Antes, como limpar o estrume era um dos grandes problemas. Numa década deixou de ser. Estamos nesse momento, à espera do que vai acontecer”, ilustrou João Borga, diretor da Startup Portugal e coordenador da Rede Nacional de Incubadoras.

Ou seja, há muito conhecimento nas academias, criatividade nas incubadoras, investimento de grandes multinacionais em centros de mobilidade, mas ainda falta perceber o que vai acontecer. Porque a religião do mercado é só uma. “Se der dinheiro, vai haver um desenvolvimento mais rápido do ecossistema de mobilidade”, sintetizou João Borga.

“Se houver um investimento a sério, porque é disso que as cidades precisam”, haverá soluções e ecossistema, diz por seu lado Pedro Rocha Vieira, Co-Founder & CEO da Beta I. “Portugal é um país pequeno e isso pode benefeciá-lo, porque, em teoria, é mais fácil alinhar interesses para avançar”, explica.

“A mobilidade é dos setores em que criar o ecossistema é dos passos mais importantes. Porque precisa de juntar tecnologia, energia, dados – são muitos conhecimentos. Mas nenhum dos atores consegue fazer algo de novo sozinho. Tem de se aprender a colaborar – mais do que se está habituado a partilhar, porque essa partilha gera algo de novo. Criam-se grandes oportunidades”, atirou Pedro Rocha Vieira.

O moderador, o jornalista do Dinheiro Vivo Diogo F. Nunes, provocou os palestrantes, a propósito da questão de ser essencial que as grandes empresas colaborem sem olharem às posições dominantes. Alta ou baixa tensão? “Estamos numa boa tensão.

Claro que a questão dos direitos de propriedade intelectual e de exploração podem ser uma questão delicada. Ainda há alguns conflitos”, admitiu Gonçalo Castelo Branco, Head of Smart Mobility da EDP.

Mas… “Entrei de cabeça nesta necessidade de trabalhar com o ecossistema. Até para reduzir a ansiedade do cliente em juntar-se à mobilidade elétrica”, adiantou o gestor da EDP Comercial.

“Já trabalhámos com startups há décadas, só não tinham esse nome… Quando criámos a Via Verde, trabalhámos com universidades e fizemos spin offs…”, lembrou Bruno Tavares, Coordenador da Grow Mobility (da Brisa). “Nós procuramos startups que encaixem como peças naquilo que pretendemos”, ilustrou.

Gonçalo Castelo Branco pôs o dedo nas feridas: “Se [o negócio da mobilidade] dá dinheiro? Estamos numa curva de crescimento exponencial. E temos de nos preparar”. E, praticamente, fechou a conversa com uma expressão popular que traduz um dos fatores cruciais para que o ecossistema da mobilidade funcione e faça funcionar. “O segredo já não é a alma do negócio”, concluiu.

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