O Luxemburgo vai ter todos os seus transportes públicos gratuitos a partir de 1 de março de 2020. Em Cascais, os meios rodoviários serão grátis já em janeiro. A medida por ser popular, mas a qualidade tem mais valor. Membro do governo de António Costa garante que estão a trabalhar para esse aumento de qualidade

O tema deste painel do Portugal Mobi Summit era “Os Transportes Públicos Gratuitos são a Resposta?”. E a palavra foi dada ao Luxemburgo, um país com um território similar ao da Grande Lisboa e uma população semelhante à de Lisboa e que todos os dias vê esse número subir 25% por causa de trabalhadores que vêm dos três países vizinhos – Alemanha, França e Bélgica. Um país que vai ter todos os seus transportes públicos gratuitos a partir de 1 de março de 2020. Um projeto que será financiado através de impostos e que demorou um ano e quatro meses a ser preparado.

“ Não basta ter transportes públicos gratuitos para atrair utentes, pois eles já são bastante baratos no Luxemburgo. Temos de apostar na qualidade”, explicou à plateia Christophe Reuter, diretor do Departamento de Planeamento Estratégico de Mobilidade do Ministério da Mobilidade e Obras Públicas do Luxemburgo.

Este responsável enumerou que há 15 anos, por exemplo, que o país não investia no setor ferroviário e que agora estão também a reabilitar a linha do elétrico e a estimular o uso da bicicleta. Bem como a apostar no estacionamento grátis à porta das cidades e na entrada do país, em parceria com os países vizinhos.

“A razão foi meramente política. Tivemos eleições. Dois dos partidos da coligação do governo decidiram que o país iria ter transportes grátis e pronto. Na verdade, acho que, em termos de mobilidade não vai mudar nada. O importante é ter transportes acessíveis”, disse Reuter, dando o exemplo da adoção dos passes únicos na Área Metropolitana de Lisboa.

E em Portugal?

“O transporte público gratuito não é a resposta. E uma das frentes é a transferência do transporte individual para o público, melhorando a qualidade do público. Porque se o público não for bom, mesmo se for grátis, as pessoas não andam”, afirmou Jorge Delgado, secretário de Estado das Infraestruturas, na linha do que tinha sido defendido por Christophe Reuter.

A introdução dos passes únicos na Área Metropolitana de Lisboa foi um alívio para o bolso dos utentes, mas sobrecarregou os transportes públicos, piorando a qualidade dos mesmos. “Estamos com dificuldades e estamos a trabalhar para mudar isso. A nossa rede de transporte público de massas, no caso do Ministério das Infraestruturas, o ferroviário, foi deixado ao abandono durante muitos anos”, declarou o governante, adiantando que estão a ser tomadas medidas concretas, como recuperar comboios para reforçar a frota em circulação.

Em Cascais, os transportes rodoviários gratuitos vão ser uma realidade a partir de janeiro de 2020, conforme anunciou Rui Rei, CEO da Cascais Próxima, a empresa municipal da área. O município é conhecido por ser um dos exemplos de mobilidade sustentável a nível nacional e até internacional. “Quinze milhões de euros é o custo anual da mobilidade em Cascais. O orçamento da câmara entra com um terço”, explicou Rui Rei. O restante vem de medidas como as receitas dos parquímetros.

Futuro da Linha de Cascais

Aproveitando a presença do secretário de Estado das Infraestruturas, Rui Rei aproveitou ainda para lembrar que a “linha ferroviária de Cascais mete 100 mil pessoas todos os dias em Lisboa e teve um investimento zero do governo anterior”. “Se o governo não tem dinheiro que faça parcerias com quem tem dinheiro. O que interessa às pessoas é que os transportes tenham qualidade”, pediu o CEO da Cascais Próxima.

“Estamos muito preocupados com a Linha de Cascais. Estamos a fazer o nosso melhor, vamos adquirir uma frota nova… A frota esteve anos ao abandono…”, garantiu Jorge Delgado.

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