Há quem defenda que os cidadãos serão convidados a devolver as cartas de condução por estas serem desnecessárias. Mas a implementação de um sistema de transportes integrados, que leve a um modelo sustentável, não se faz com um clique.

O transporte público, no sentido de coletivo, será o modelo do futuro. Foi esta a conclusão consensual dos intervenientes no debate sobre o futuro do transporte público rodoviário, esta tarde, no primeiro de quatro dias da Portugal Mobi Summit, em Carcavelos, com a participação de José Silva Rodrigues, secretário-geral do Grupo Barraqueiro, Johan Van Ieperen, Solution Director Public Transport & Sustainability do PTV Group, Rui Fernandes, CEO e Co-Founder da BusUp
 e Christian Lessing, CEO do Daimler Truck & Bus Tech and Data Hub
.

“O transporte público será sempre a espinha dorsal desse modelo de mobilidade sustentável”, defendeu o responsável da empresa Barraqueiro. “Em 2050, os governos irão pedir que devolvam as cartas de condução. Tudo será transporte público, mesmo transporte para duas pessoas”, previu Johan Van Ieperen, para quem os engarrafamentos serão cada vez piores, sendo as cidades obrigadas a começar a diferenciar-se, a escolher entre o que chamou de bons e maus meios de transporte. No fundo, “criar uma via rápida para a mobilidade”, em que os serviços serão integrados.

“Isto vai custar dinheiro e demorar o seu tempo. Mas esta transição vai acontecer”, comentou ChristianLessing, CEO do Daimler Truck & Bus Tech and Data Hub, dando o exemplo de Portland, cidade norte-americana onde a empresa em que trabalha tem um serviço MaaS (Mobility as a Service).

É aquilo que Rui Fernandes, CEO e Co-Founder da BusUp, comparou a uma Netflix dos transportes, em que, por exemplo, se pagam 200 euros por mês e se podem usar todas as plataformas disponíveis de transportes, dos autocarros e comboios, às trotinetas e carsharing. “Aí vamos ser capazes de ter toda a expressão do MaaS”, defendeu.

“Há desafios que decorrem da consciência que o modo como vivíamos, dependente do automóvel, não é sustentável. A alternativa, porque a mobilidade é absolutamente crítica para a posteridade, é a criação de um modelo que seja sustentável”, afirmou José Silva Rodrigues, da Barraqueiro. E apontou para o exemplo de Lisboa, considerando que, há uns anos, ninguém imaginaria aquela cidade com tantas alternativas em termos de mobilidade. “Acharíamos que era ficção. A realidade diz-nos que há adesão”. Mas também há caos. “Em algum momento terá de haver um controlo para impor uma ordem no caos”, alertou Rui Fernandes, da BusUp. Foi o que aconteceu, disse, aquando da chegada da Uber: acabou por modernizar o setor dos táxis.

“Isto não se faz com um clique, não se faz de um dia para o outro”, concordou o secretário-geral da Barraqueiro, para quem as frotas das empresas de transporte têm de evoluir relativamente àquilo que são hoje, ainda dependentes de motores diesel. “Não podemos ter cidades com tantos automóveis e tão dependentes do automóvel”, concluiu, alertando para a necessidade de processos concursais de serviço público equilibrados para os próximos anos.

The post Qual o futuro do transporte público rodoviário? appeared first on Portugal Mobi Summit.

Leia mais em www.portugalms.com