Três equipas de investigadores do Centro Tecnológico Cartif, em Valladolid, Espanha, aterraram em 2015 em Nottingham (Reino Unido), Tepebasi e Eskisehir (Turquia) e Valladolid (Espanha). A primeira missão consistiu em identificar onde e como poderiam atuar, focando-se em três áreas estratégicas – edifícios, mobilidade urbana e tecnologias. O passo seguinte passou por fazer um diagnóstico dos pontos fracos e fortes, criar parcerias com entidades públicas e privadas e tirar partido das tecnologias e programas disponíveis em cada cidade para conseguir integrá-las em plataformas e aplicações digitais.
As soluções encontradas foram as mais variadas. Desde logo, edifícios conectados em rede para disponibilizar informação em tempo real sobre padrões de consumo em cerca de 900 apartamentos. A ferramenta permitiu a cada morador ajustar o seu comportamento, visando um uso mais racional das energias. Algumas mudanças, como isolamento térmico nas fachadas e nos tetos e ainda a substituição da rede de aquecimento a gás por caldeiras de biomassa, permitiram que as residências conseguissem reduzir o seu consumo em 50%.
“A integração de medidas de eficiência e de fontes de energia renovável, como a solar e a fotovoltaica, possibilitou igualmente a redução das emissões de dióxido de carbono em mais de 80%”, conta Miguel Ângel Fuentes, o coordenador do programa que esta semana participou na conferência “IoT for Smart Cities”, promovida em Lisboa pelo ISCTE.
A tecnologia é uma peça-chave neste processo pois através dela foi possível centralizar toda a informação em plataformas digitais. Este foi o recurso que permitiu à população saber, por exemplo, quais os melhores transportes para fazer determinadas deslocações ou até mesmo quanta energia se iria gastar ao escolher um trajeto ou um transporte em detrimento do outro. Bilhetes de de comboios e de autocarros comprados diretamente de um aplicativo de smartphone, apps com a localização de postos de carregamento para carros elétricos ou zonas com wi-fi gratuito foram algumas das possibilidades que se abriram para os moradores destas três cidades.
Com as metas previstas a serem atingidas, a etapa seguinte é agora transpor essa experiência em outras duas cidades – Seraing, na Bélgica, e Miskolc, na Hungria: “Regra geral, demoramos cerca de dois anos a implementar o modelo”, conta Miguel Fuentes, explicando que os primeiros quatro meses servem para identificar as soluções, colocando-as no terreno, e o resto do tempo destina-se a monitorizar os resultados. A terceira fase passa por alargar o programa a mais cidades, levando o modelo a outros pontos da Europa, onde estarão incluídas algumas cidade portuguesas como Lisboa e Porto.
Kátia Catulo
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