Responsável pelo departamento de desenvolvimento de software em Lisboa apontou as dificuldades de recrutamento. Mas diz maravilhas de Lisboa: sobre a Academia, o nível dos formandos e a celeridade burocrática

Diretor do Volkswagen Software Development Center em Lisboa, Stefan Gotthardt falou de soluções tecnológicas, de processos digitais, mas rendeu-se às pessoas, a Lisboa e à simplicidade burocrática. Sim, é alemão, mas garante que é mais difícil concretizar um contrato de trabalho no país de origem e que a grande recompensa é trabalhar com as pessoas no centro do foco.

“Trabalhamos para unidades internas da empresa, de vendas e pós-vendas. Criamos aplicações e soluções para problemas”, introduziu o diretor da Volkswagen, dando desde logo o mote para o “fator humano”.

“Gostava de desenvolver o conceito de pairing, que utilizamos na nossa forma de trabalhar. Basicamente, tudo o que fazemos é em pares. É uma dualidade, trabalhamos sempre dois a dois, frente a frente. Isto permite que as pessoas se ajudem umas às outras”, explicou Gotthardt.

E Lisboa? “É um local fantástico. Tem muitas universidades muito boas. Os licenciados saem muito bem preparados”, começou por dizer (e isto entronca num problema que Stefan Gotthardt deteta: recrutamento, mas já lá iremos).

“A cidade de Lisboa e o município de Lisboa são curiosos. Dão-nos muito apoio. Telefono a alguém e tenho ajuda. Convidam as empresas a vir para cá, mas depois colocam-nos a visitar a cidade. É muito interessante”, assumiu.

O fator humano esteve sempre no centro da comunicação do diretor da Volkswagen em Lisboa. Até nos problemas de recrutamento. “Procuramos colaboradores que se divirtam a trabalhar. Temos várias distrações, a mesa de Ping pong e os clichés todos. Com um bom salário e segurança social conseguimos bons colaboradores”, começou por dizer sobre o assunto.

Mas à frente, no entanto, assumiu que “o grande desafio é o choque cultural na empresa” e os efeitos no recrutamento. “Não acontece apenas na VW. Mas acontece quando introduzimos o conceito Agile. Há dificuldade na contratação. Há muitos talentos. Mas não queremos heróis, nem queremos idiotas. Queremos pessoas que saibam fazer e receber críticas”, admitiu.

Falámos em Agile, que é um método que baixa os riscos por continuamente considerar o feedback dos clientes. “Até certo momento foi esquecido. Agora recomeçamos com uma versão ainda não acabada. As conversas com os clientes vão ajustando a ferramenta. No fim, o risco de não ser apreciado pelos clientes é muito menor”, acrescentou.

Voltando ao recrutamento, uma convicção curiosa. “Gosto de como as coisas funcionam em Lisboa. Em 24 horas conseguimos fazer um contrato trabalho. Na Alemanha, tenho de enviar uns emails, ir tomar um café…”, revelou. A moderadora Helena Tecedeiro, editora executiva do Diário de Notícias, provocou-o: “Então existe a burocracia alemã?”. Risos no palco e na plateia.

Entrando mais no campo específico do diretor do centro de desenvolvimento de software de Lisboa. “O We Share é um serviço de partilha de carros elétricos. Só está disponível em Berlim, que é o ponto de partida. A concorrência está muito à frente, como com o Drive Now. Podemos recolher dados para ver como é utilizado e pode ser melhorado. Será expandido a outras cidades alemãs no início. Mas, bem, não sou o gestor do produto e não quero comprometer um colega, mas é algo que estamos a pensar [expandir fora da Alemanha]”, informou.

Finalmente, Stefan Gotthardt levantou o véu sobre novos produtos que o seu departamento (desenvolvimento de software) está a preparar para lançar. “Temos um produto para concessionários que vai facilitar a vida aos clientes. Surge na perspetiva do lançamento do ID3 no próximo ano. Vai casar o perfil do consumidor com o do carro”, concluiu.

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