Quatro anos
Outubro de 2013. Uma data que ficará na memória de dois pilotos de alta competição. O mês em que António Félix da Costa soube que o sonho da F1 seria adiado (um adiamento que se tornaria permanente) e o mês em que um jovem russo de nome Daniil Kvyat soube que ia ver o seu sonho de se tornar piloto de F1, realidade.
Fazendo um breve enquadramento do que se passava nessa altura, Mark Webber resolveu sair da F1, por achar que era o tempo certo e talvez por não sentir o apoio desejado pela equipa, completamente focada no recém- coroado tetra campeão Vettel. Vergne e Ricciardo estavam na lista para a sucessão do carismático australiano e foi o seu sorridente compatriota que levou a melhor, deixando o francês na Toro Rosso.
Quem seria o seu companheiro de equipa? A lógica dizia que o português seria a escolha, depois de já ter testado com a Red Bull e pelos resultados obtidos nas categorias de iniciação, mas Kvyat estava a dar nas vistas na GP3, depois de dois anos de excelentes resultados. Helmut Marko disse que a decisão foi tomada em 10 minutos e que o russo tinha uma velocidade notável, assim como um excelente controlo do carro (ndr, e porque o mercado russo é enorme e bem mais apelativo que Portugal). O sonho português caiu por terra… outra vez.
A ascensão de Kvyat foi meteórica, com um ano na Toro Rosso, onde foi premiado com o prémio de melhor estreante em 2014.Em 2014 a notícia surgiu como uma bomba… Vettel anunciava o final do seu reinado na Red Bull para rumar à Ferrari. O menino-prodígio que fez o programa todo da Red Bull e se tornou tetra campeão na Red Bull teve um ano para esquecer e foi suplantado por Ricciardo também do mesmo programa. Para o substituir, a aposta foi Kvyat e para o seu lugar subiria Max Verstappen, que tal como o russo saltava directamente da Formula 3 para a F1.
2015 foi um ano relativamente positivo para Daniil Kvyat, que acabou a época à frente de Ricciardo com um pódio (um ano claramente mau para a equipa) mas 2016 foi o início do pesadelo para o russo. Depois duma excelente corrida na China, o russo acusou a pressão de jogar em casa no GP da Rússia e atirou com Vettel para fora da corrida nas primeiras curvas. Não tinha sido o primeiro erro do russo mas ao contrário das restantes ocasiões, não foi defendido e foi atirado para a Toro Rosso para dar lugar a Verstappen, cujo talento despertava a cobiça de outras equipas. Uma jogada de antecipação para convencer o holandês a ficar, não olhando àquele que era o elo mais fraco.
A despromoção foi dura e os efeitos da mesma fizeram-se sentir durante o resto da época, sendo que o ponto mais baixo foi o Mónaco, onde Daniil chorou no rádio quando obrigado a desistir no início da prova. O resto do ano não teve nenhuma nota de destaque a não ser a boa luta em Singapura onde ainda atrapalhou Verstappen.
Esperava-se que 2017 fosse o ano da recuperação, mas os resultados e exibições mantiveram-se, a tal ponto que a equipa abdicou dos seus serviços para dar lugar a Gasly, novo prodígio do programa, e agora já sabe que vai ficar a ver a F1 pela TV pois Brendon Hartley (curiosamente outro ex- junior da Red Bull) vai manter-se aos comandos do Toro Rosso para a ronda mexicana.
Uma coisa parece certa… O programa da Red Bull é uma excelente oportunidade mas é também muitas vezes ingrato e são vários os talentos que tiveram de procurar outros campeonatos e Félix da Costa é o melhor exemplo disso, sendo ainda considerado por muitos um dos maiores talentos desperdiçados pelo programa. Quanto a Kvyat, a sua história na F1 parece estar a chegar ao fim e já se diz que procura um lugar no Endurance. Foi vítima das circunstâncias e da sua incapacidade para se reerguer de uma situação ingrata e muito difícil.
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