F1: Mal entendido na Red Bull

04/07/2018

O passado fim de semana na Áustria ficou marcado por um caso que incomodou verdadeiramente Daniel Ricciardo. Numa altura em que o piloto tem já tudo acertado com a Red Bull para renovar contrato, o GP da Áustria trouxe um novo elemento à questão, que não vai ser impeditiva da renovação, mas que deixou Daniel Ricciardo muito desagradado: O comportamento do seu colega de equipa durante a terceira fase da qualificação, facto que deixou claro que o jovem holandês vai continuar e cada vez mais a olhar para o próprio umbigo ao invés de preferir que pequenos detalhes incomodem a boa relação que tem com o seu ‘irmão’ na Red Bull. Mas a verdade é que foi mais um mal entendido do que outra coisa qualquer…

Mas o que sucedeu? Os monolugares de Milton Keynes, como é hábito, têm sempre dificuldades com a velocidade de ponta, o que é ainda mais notório no Red Bull Ring, perdendo claramente para os Mercedes e para os Ferrari, tendo o australiano, inclusivamente, perdido para Romain Grosjean, que ficou entre os dois pilotos da formação de bandeira austríaca.

Neste contexto, Ricciardo esperava a ajuda do seu colega de equipa, um cone de aspiração, tendo desacelerado na volta de preparação de uma das suas voltas lançadas para que Verstappen o ultrapassasse. Só que este não o fez e manteve a sua posição até que o australiano foi mandado aumentar a velocidade para poder ter mais de uma volta lançada na Q3.

Após a qualificação o piloto que não tem ainda contrato para 2019 revelou-se agastado com o sucedido: “Não estou impressionado. Poderia ser mais justo”. Ao que Verstappen retorquiu: “Não, trata-se de disciplina. Na semana passada (n.d.r.: em França) eu estive à frente, agora é a vez dele”.

Mais tarde, depois de conversar com os responsáveis da Red Bull, Ricciardo mostrou-se mais calmo. “No calor do momento pensei que tinha sido tramado. Desde então tive algumas conversas com o Christian (Horner) e com o meu engenheiro. Tinha as minhas preocupações, mas provavelmente, esperei que fossem óbvias”, apontou Ricciardo.

O australiano admitiu que todo a situação se deveu a um desentendimento que poderia ter sido evitado com um diálogo claro. “Não falei nisso antes da qualificação dado que pensei que era mais óbvio de que era na realidade. Talvez devêssemos conversar sobre o assunto antes da qualificação. Tinha as minhas preocupações.

Penso que, enquanto grupo, não foi discutido. A meu ver, dentro do carro, era óbvio, darem-me um cone de aspiração em vez de o dar a outros. Para a minha última volta lançada, pensei que teria a possibilidade de ter um cone de aspiração, mas penso que o Max não me o queria dar. Deste ponto de vista, nunca conversámos sobre o assunto, portanto, ele pensou ‘vou ficar onde estou’ e eu pensei ‘isto não é justo, alguém faça alguma coisa”, afirmou o piloto do Red Bull número três.

Apesar de reconhecer que Verstappen pensou apenas em si, Ricciardo garante que não está verdadeiramente agastado com o seu colega de equipa. “Se tivéssemos clarificado tudo antes da qualificação, estaria mais aborrecido com ele. Ambos sabíamos o que se estava a passar, mas penso que o competidor que todos nós temos não quer dar um centímetro. Não estou mal com ele, as coisas são assim. Não posso estar mal, é apenas frustrante.

É a qualificação, todos estão em pista para fazer o melhor para si e, na verdade, o colega de equipa é quem queremos bater. É divertido, mas a diversão transformou-se em frustração. Pensei que, numa das três voltas lançadas, eu teria preferência, mas era apenas eu a assumir”, apontou o australiano, que, porém, não deixa de apontar algumas críticas à Red Bull, sublinhando que esta poderia gerir a situação de uma forma mais justa para ambos:

“Não é que me tenha surpreendido. Eu sabia o que cada um de nós estava a fazer, ele sabia o que eu estava a tentar fazer. Ambos estamos a tentar bater o outro, mas penso que a equipa pode tentar e intervir nos jogos psicológicos que fazemos”.

Por seu lado, Christian Horner foi claro a desvalorizar toda a situação, apontando que o procedimento de qualificação da equipa tem já diversas temporadas, sendo o mais equilibrado para que nenhum dos pilotos se queixe. “Temos uma política muito simples, que tem vindo a ser adotada nos últimos sete anos, que é alternar de fim-de-semana para fim-de-semana quem sai primeiro para a pista. Essa é a única forma de ser justo de circuito para circuito.

Este fim-de-semana foi a vez de o Daniel sair primeiro e ele sentiu que o Max estava a beneficiar dessa situação”, salientou o chefe de equipa da Red Bull.

José Luís Abreu