Michelin avalia a possibilidade de entrar na F1

27/07/2018

A Michelin está a estudar a hipótese de concorrer para a vaga de fornecedor para a F1. O concurso foi aberto recentemente e a marca francesa está a avaliar as exigências feitas, mas há dois fatores que poderão bloquear o interesse:

– o primeiro é obviamente a obrigatoriedade de fornecer pneus de 13 polegadas durante uma época (2020). Este seria sempre um ponto desfavorável a qualquer candidatura, que não a Pirelli, que já fornece este tipo de material. Para a Michelin desenvolver um pneu de raiz por apenas um ano não faz sentido, mais ainda por ser de 13 polegadas, um tamanho que definitivamente não interessa.

– o segundo fator está relacionado com a elevada degradação exigida pela FIA. A Michelin é contra esta filosofia e prefere uma degradação gradual, que permita aos pilotos puxarem o máximo possível, sem se preocuparem com os pneus. E do ponto de vista do fornecedor é melhor ter um pneu mais durável.

A obrigatoriedade de fornecimento de pneus de 13 polegadas é um grande entrave, Charlie Whiting admitiu que a situação não é ideal, e que houve tentativas para prolongar o contrato vigente até 2021, para que esta situação não surgisse, mas o acordo entre o fornecedor atual e a FIA não foi possível. O dinheiro que é necessário para desenvolver um pneu destes para apenas uma época poderá afastar os possíveis interessados, ficando a Pirelli em vantagem clara.

Quanto à degradação dos pneus, a Michelin não gosta deste conceito mas, pessoalmente, acredito que são necessários pneus que permitam uma variabilidade de estratégias. As paragens nas boxes são parte do espectáculo, e temos visto que as estratégias têm um papel importante, pois podem mudar o cenário da corrida, além de valorizar o resto do trabalho da equipa. Do ponto de vista do fornecedor pode funcionar como má publicidade e a Pirelli sofreu isso na pele durante algum tempo, mas uma F1 com menos paragens nas boxes poderá perder algum interesse.

Sem dúvida que ver um piloto da dar o máximo volta após volta é apelativo, e há tecnologia suficiente para permitir isso, mas a FIA entende que as paragens nas boxes devem continuar a desempenhar um papel importante. As propostas dos fornecedores terão de ser entregues até ao final do mês de agosto.

Fábio Mendes/Autosport